Vale confia na China, mas foca na capacidade de ganhar margem

A Vale, maior produtora global de minério de ferro, avalia que a demanda da China será maior no segundo semestre, mas está apenas moderadamente otimista em relação aos preços da matéria-prima do aço, e assim manterá forte foco em elevar margens diante do crescimento da oferta global da commodity. "Historicamente o segundo semestre da China é melhor", disse nesta quinta-feira o diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, durante conferência com analistas sobre resultados do segundo trimestre, divulgados mais cedo. O executivo destacou que o governo da China, maior importador global de minério de ferro e de produtos da Vale, tem influência importante na economia e costuma fazer movimentos na segunda metade do ano para cumprir metas, como liberação de crédito. "Estamos otimistas com relação a China, eles têm mostrado capacidade muito grande de manter a economia com vigor apesar das expectativas negativas que a gente tem assistido", declarou. O diretor ponderou ainda que se outras economias, como Estados Unidos, Europa, Japão e Coreia, tiverem comportamento melhor, o cenário será mais favorável. "Estamos trabalhando dentro dessa expectativa", afirmou Martins. A mineradora publicou lucro líquido de 3,187 bilhões de reais no segundo trimestre, com preços menores do principal produto da companhia limitando ganhos. Os preços produto da Vale caíram 17,6 por cento no segundo trimestre ante o mesmo período de 2013, para 84,60 dólares por tonelada, devido ao aumento da oferta global --a própria companhia produziu um recorde para o segundo trimestre.

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Por Redação
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MAIORES MARGENS

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Mas é na capacidade de diluir custos com a escala de produção que reside a confiança da Vale para lidar com um mercado bem ofertado.

"Estamos moderadamente otimistas quanto a preço, estamos muito otimistas com relação a nossa capacidade de ganhar margem com ampliação de volume e também de redução de custo", disse o executivo.

Segundo Martins, a empresa deverá olhar menos para os preços e focar na sua capacidade de administrar volumes e reduzir custos.

"Mais e mais a gente vai ter que olhar menos para a questão do preço e mais na capacidade de administrar os volumes e a redução de custo, no qual a gente tem grande potencial para a melhoria dos nossos resultados", destacou.

Segundo o executivo, houve um crescimento acima do esperado na oferta no mercado transoceânico. "O mercado seaborng (transoceânico) está crescendo este ano quase 20 por cento acima do ano anterior", afirmou.

Esse crescimento, segundo ele, mostra que há grande potencial para a ocupação de produtores menos competitivos.

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O crescimento, avaliou Martins, foi devido a ramp-up antecipado de expansões de projetos na Austrália e também devido a um clima favorável em importantes áreas produtoras, incluindo o Brasil.

Entretanto, o mesmo não aconteceu com a demanda. "Esperávamos aumento da demanda um pouco maior, do ponto de vista de aço e ela foi um pouco pior tanto no ocidente, como na própria China", afirmou.

Ele observou que a correção da demanda mais fraca se dá no preço e destacou que o crescimento da oferta da Austrália não deve trazer tanto impacto no próximo ano, apesar de ponderar que outros locais devem apresentar expansão da produção, como o Brasil.

(Por Marta Nogueira)

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