Em agosto de 1914, Julio Mesquita (1862-1927) publicou o primeiro da série de artigos que escreveria ao longo dos quatro anos de duração da Primeira Grande Guerra. Contornando as limitações da informação e da comunicação no período, com a censura parcial das notícias – decretada após a entrada do Brasil no conflito – e a diminuição dos despachos telegráficos, ele recorreu a diferentes publicações estrangeiras, a relatos e cartas de amigos, e até a testemunhos pessoais de combatentes para levar aos leitores uma visão global da guerra.

A coluna foi chamada de “O Boletim da Guerra” e era publicada semanalmente. Mais que um balanço do conflito e uma narrativa do avanço das batalhas pelo globo, os textos analisavam os interesses políticos dos governos envolvidos e abordavam o elevado custo humano dos combates. Os artigos são considerados um marco do jornalismo moderno. Em 2002, foram republicados no livro “A Guerra”, organizado por Ruy Mesquita Filho.
Outra inovação da cobertura do Estadão durante a Primeira Guerra Mundial foi o lançamento de uma edição complementar noturna, em 1915. Em formato berliner e com tiragem diária, a publicação, chamada de Estadinho, veio para suprir o interesse cada vez maior por notícias sobre o conflito, sobretudo por parte da grande população de imigrantes europeus em São Paulo. Foi um produto de sucesso, seguindo em circulação mesmo após o fim da guerra.