Marcada pela violência, operação realizada por agentes da ditadura militar deteve 1,5 mil estudantes
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Por Liz Batista
Tropa de choque e agentes do Dops detém estudantes no campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 22/9/1967.
Foto: Antônio Lúcio/ Estadão
Na noite de 22 de setembro de 1977, uma ofensiva policial conduzida por 500 homens da tropa de choque e agentes do Dops sob o comando do coronel Erasmo Dias, então secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, invadiu de forma violenta a Pontifícia Universidade de São Paulo e prendeu cerca de 1,5mil pessoas.
O Estado de S.Paulo - 23/9/1977
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Cerca de dois mil estudantes, de diferentes Estados, estavam reunidos para o 3º Encontro Nacional de Estudantes. Um ato público, que buscava reorganizar a União Nacional dos Estudantes (UNE), ocorria na faculdade. A entidade foi tornada ilegal pela ditadura militar em 1964, mas, no final dos anos 1970, animados pelas grandes manifestações de rua e sob a promessa da “abertura lenta, gradual e segura” do governo Geisel, o movimento estudantil buscava reorganizá-la.
O Estado de S.Paulo - 23/9/1977
Invasão da PUC (1977)
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3º Encontro Nacional de Estudantes
Encontro de estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, antes da invasão policial,22/9/1977 Foto: Antônio Lúcio/ Estadão
Estudantes são detidos na PUC
Policiais usam cecetetes, jogam bombas de efeito moral e prendem mais de 1,5 mil alunos na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 22/9/1977. Foto: Antônio Lúcio/ Estadão
Coronel Erasmo Dias
O então Secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, concede entrevista na noite da invasão da PUC-SP, 22/9/1977 Foto: Antônio Lúcio/ Estadão
Invasão da PUC
A reitora da PUC, Nadir Gouveia Kfouri acompanha de perto a invasão policial na faculdade, em ação comandada pelo coronel Antonio Erasmo Dias, Secretá... Foto: Antônio Lúcio/ EstadãoMais
Coronel Erasmo Dias
A reitora da PUC Nadir Gouveia Kfouri conversa com o secretário da Segurança Pública de Sâo Paulo, coronel Antonio Erasmo Dias, responsável pela invas... Foto: Antônio Lúcio/ EstadãoMais
Coronel Erasmo Dias
Em frente ao Batalhão Tobias Aguiar, ocoronel Erasmo Dias acompanha a chegada dos ônibus com os estudantes detidos na invasão à PUC, 22/9/1977. Foto: Acervo/ Estadão
Batalhão Tobias Aguiar
Estudantes presos na PUC chegam ao Batalhão Tobias Aguiar, 22/9/1977. Foto: Oswaldo Jurno/ Estadão
Instalações da PUC -SP
Diretório Acadêmico da PontifÍcia Universidade Católica de São Paulo após invasão policial ocorrida no encontro de estudantes,23/09/1977. Foto: Oswaldo L. Palermo/ Estadão
PUC após invasão policial
Diretório Acadêmico de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo após ser revirado e ter móveis destruídos durante a invasão policial à... Foto: Oswaldo Luiz Palermo/ EstadãoMais
Biblioteca da PUC após invasão policial
Resultado da invasão policial no encontro de estudantes na PUC, 23/9/1977. Foto: Oswaldo Luiz Palermo/ Estadão
Diretoria da PUC após invasão policial
A diretoria da PUC destruída durante a invasão policial no encontro de estudantes, 23/9/1977. Foto: Oswaldo Luiz Palermo/ Estadão
Familiares buscam pelos estudantes detidos
Familiares de estudantes presos na inasão à PUCprocuram informações no Dops, 23/9/1977. Cerca de 1,5 mil pessoas foram presos na ação. Os agentes usam... Foto: Acervo/ EstadãoMais
Estudante ferida
A estudante Graziela Augusta Eugênia, queimada pelas bombas da polícia, durante a invasão da PUC, 10/10/1977 Foto: Cludinê Petroli/ Estadão
Estudante queimada duirante a invasão à PUC
A estudante Maria Cristina Raduan ferida durante a invasão policial à PUC é hospitalizada na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, 10/10/1977. Foto: Claudinê Petroli/ Estadão
Material apreendido na PUC durante invasão policial
Material apreendido na invasão à PUC, 28/9/1977. O conteúdo foi considerado "de alto teor subversivo" pelos agentes responsáveis pela operação. Foto: Oswaldo Jurno/ Estadão
Placa em memória
Placa fixada no campus universitário um ano após a invasão policial da PUC, 22/9/1978. Foto: Oswaldo L. Palermo/ Estadão
A truculenta operação foi capa do Estado do dia seguinte. “Em meio meio à explosões de novas bombas, que quebraram alguns vidros da frente da universidade, estudantes, funcionários e professores eram retirados do restaurante e de salas de aula e levados para o estacionamento”, contava a matéria publicada em 23 de setembro de 1977. Na edição do dia seguinte, o jornal trouxe relatos de estudantes feridos e imagens das instalações da universidade quebradas e devastadas. A publicação reservou um espaço para as declarações do secretário de Segurança. O coronel Erasmo Dias justificava-se, dizia que os feridos eram “fruto apenas de não entenderem de bombas de gás lacrimogêneo” e que os homens sob seu comando foram “obrigados a usar uma certa violência, pois não houve alternativa.”
O Estado de S.Paulo - 24/9/1977
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O Estado de S.Paulo - 22/9/1977
O encontro havia sido inicialmente marcado para acontecer na Universidade de São Paulo (USP) e depois na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), mas sua realização foi frustrada por agentes militares dias antes. Centenas de estudantes foram presos, no rígido esquema de policiamento organizado para evitar a reunião. As autoridades falavam em 15 mil homens mobilizados para a operação.