
Vestígios da dupla identidade do juiz aposentado com o nome de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, mas cujo verdadeiro nome seria José Eduardo Franco dos Reis, conforme denuncia do Ministério Público de São Paulo, podem ser vistas em páginas de aprovados em vestibular publicadas no Estadão em 1978 e 1986, e também em um documento de 1991 da Embaixada da África do Sul no Brasil disponível no Arquivo Nacional.
O primeiro registro é com o nome brasileiro José Eduardo Franco dos Reis, que aparece na lista de aprovados no vestibular da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) de 1978 para o curso de Matemática, no período noturno. O jornal publicou a lista na edição de 22 de janeiro daquele ano, quando então José Eduardo teria 19 anos.
Estadão - 22 de janeiro de 1978


Oito anos depois, no jornal de 28 de janeiro de 1986, quando então o futuro juiz estaria com 27 anos de idade, o nome inglês apareceria publicado com quatro dos seis sobrenomes abreviados no caderno especial Objetivo/Fuvest, na lista de aprovados no curso de Direito da USP: “Edward A L D C Caterham Wickfield (50)”.
O número entre parênteses se refere ao código do curso noturno da tradicional faculdade do Largo de São Francisco, no centro de São Paulo. Entre os aprovados neste mesmo ano, mas no curso matutino, sob o código 49 da lista, estão os nomes de dois futuros ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Dias Tóffoli.
Estadão - 28 de janeiro de 1986


Secretário comercial no Consulado da África do Sul
Já no Arquivo Nacional o nome Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield aparece na íntegra de um documento oficial de 25 de junho de 1991 enviado pela Embaixada da África do Sul em Brasília ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil informando a “relação de completa dos funcionários locais de nacionalidade brasileira estrangeira conforme solicitado atraves da Nota Circular 562 desde Ministerio datada de 27.03.91.”
Junto ao nome completo de cada um dos funcionários, brasileiro ou estrangeiro, são informados os dados da data de nascimento, local de nascimento, estado civil, profissão, função exercida, números do RG (documento de identidade) e CIC (antigo CPF) e a data da admissão no cargo.
No caso de Edward, é informado que ele trabalha no Consulado Geral da África do Sul em São Paulo e que sua admissão aconteceu em 1 de abril de 1984. O que atestaria que ele já trabalhava na representação sul-africana havia sete anos.
A data de nascimento do futuro juiz no documento oficial sul-africano é 10 de março de 1958. E o local de nascimento a cidade de Águas de Prata, no interior de São Paulo. O estado civil é informado como solteiro e tanto a profissão como a função exercida aparecem como “secretario comercial”.
De acordo com esses dados no documento, ele teria trabalhado na Embaixada da África do Sul, até ao menos aquele momento, dos 26 aos 33 anos de idade. O regime de trabalho do consulado em São Paulo informado ao final da lista é de segunda à quinta, das 8h30 às 17 horas, e das 8:30 às 13 horas às sextas-feiras.
Leia mais sobre Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield nas páginas do jornal.
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