Iberê Camargo

Pintor e gravurista

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Por Redação

Iberê Bassani de Camargo

18/11/14, Restinga Seca (RS) - 9/8/94, Porto Alegre (RS)

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Iniciou os estudos no Rio Grande do Sul, na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria. Em 1936, mudou- se para Porto Alegre, onde conheceu Maria Coussirat Camargo. E foi com tela e tintas dela, então estudante do Instituto de Belas Artes, que pintou seu primeiro quadro, às margens do Riacho, na Cidade Baixa. Se casou em 1939 com Maria Coussirat, e com ela passou todo o resto da vida. Entediado pelo cotidiano de funcionário público, pintava para valer e, em 1942, ganhou uma bolsa para estudar pintura no Rio, na Escola Nacional de Belas Artes. Juntou-se a outros artistas  e seu professor de gravura, Guignard onde funda o Grupo Guignard.

Em 1948 viajou para a Europa em busca de aprimoramento técnico. Na ocasião visitou museus, estudou gravura e pintura com Giorgio De Chirico, Carlo Alberto Petrucci, Leoni Augusto Rosa, Antonio Achille e André Lhote.

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De volta ao Brasil, em 1950, conquistou inúmeros prêmios e participou de diversas exposições internacionais como as  Bienais de São Paulo, Madri, e Veneza, e Tóquio. Devido a uma hérnia de disco passou a pintar apenas em seu ateliê, onde desenvolveu um dos temas mais recorrentes em sua pintura: os Carretéis.

Em 1953 tornou-se professor de gravura no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, lecionando mais tarde em seu próprio ateliê ou em permanências mais ou menos longas em Porto Alegre e outras cidades, inclusive do exterior.

Em 1961 é escolhido o melhor pintor nacional na 6ª Bienal de São Paulo. Ensina artes plásticas no Instituto de Belas-Artes, do Rio de Janeiro e dá cursos em Porto Alegre (RS) e Montevidéu, no Uruguai. Nos anos 70 redescobre as figuras com a série de gravuras e telas Carretéis.

Na década de 1980, retomou a figuração. Mas, ao longo de toda sua produção, nunca se filiou a correntes ou movimentos.  No dia 5 de dezembro uma tragédia marcou vida do artista . O pintor deixou o ateliê mais cedo, à procura de uma loja de cartões natalinos, e quando dobrava uma esquina no bairro de Botafogo, parou para observar a discussão de um casal. O marido, vestindo apenas um calção, irritou-se e após um empurra-empurra e assustado, Iberê  sacou a arma e matou o homem. Detido na hora, passou um mês na prisão, até receber habeas-corpus. Em 1982, retornou a Porto Alegre, onde produziu duas de suas séries mais conhecidas: as Idiotas e os Ciclistas.

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Teve apenas uma filha, Gerci, fruto de um romance passageiro na década de 1930. Renovou as amizades, mas encontrou o verdadeiro companheirismo em 1983, no gato Martim, o seu "cucuruco", como o chamava. O pintor colocava o bichano no bolso do macacão enquanto preparava seus quadros e fazia questão de que sua esposa, Maria Coussirat Camargo, pusesse um prato de comida para o gato na mesa de jantar.

Embora Camargo tenha estudado com figuras marcantes representativas de variadas correntes estéticas, não se pode afirmar que tenha se filiado a alguma. Suas obras estiveram presentes, e sempre reapresentadas, em grandes exposições pelo mundo inteiro, como na Bienal de São Paulo e na Bienal de Veneza.

Poucos dias antes de morrer, em 1994, Iberê Camargo, já bastante debilitado por um câncer, acordou no meio da madrugada a esposa e companheira de décadas, Maria, e pediu a ela que o levasse até o ateliê. Iberê queria trabalhar numa tela, pois sabia que era a última oportunidade de fazê-lo antes de ser internado. Solidão é o título da obra, que ficaria inacabada.

Faleceu aos 79 anos, deixando um grande acervo de mais de 7 mil obras, entre desenhos, gravuras e pinturas. Grande parte desta produção foi deixada à Maria, sua esposa e companheira inseparável

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Em 1995, no ano seguinte à sua morte, foi criada a Fundação Iberê Camargo, com sede na antiga moradia do artista, para conservar, catalogar e promover a obra do artista.

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