Como os pais também devem aprender a conviver com uma escola sem celular?


Os primeiros dias de aula mostraram que a restrição aos smartphones mexe muito com a parentalidade de hoje; mas já que a superproteção foi retirada à força, vale lembrar dos benefícios da independência na educação de crianças e adolescentes.

Por Renata Cafardo

Apesar de 10 entre 10 pais e mães comemorarem as novas leis que proíbem celulares nas escolas, a regra está longe de afetar só crianças e adolescentes. A empolgação com o que parecia ser uma solução para muitos dos problemas que as novas tecnologias trouxeram para as famílias não permitiu uma antecipação de certos sentimentos que afloraram agora.

Mas os primeiros dias de aula mostraram que a restrição aos smartphones mexe muito com a parentalidade de hoje.

Pesquisas indicam como o desenvolvimento econômico, o aumento da desigualdade e da insegurança, aliados às possibilidades de controle advindas das tecnologias, levaram uma geração de pais mais protetores.

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Fala-se muito dos tais pais helicóptero, aqueles que se empenham para estar com os filhos, prover todas as atividades que possam levar a um melhor desempenho acadêmico, mas também que chegam a sufocar a independência dos filhos.

Celulares em caixas para que os estudantes não usem nas salas de aula de uma escola em São Paulo Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Mesmo sem chegar aos extremos, não há mãe ou pai de adolescente que não agradeça pela invenção do compartilhamento de localização, principalmente para os que já saem sozinhos à noite.

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Mas a retirada do celular da escola fez com que os pais perdessem o grande amenizador das angústias pequenas do dia a dia. Saber se o filho levou o casaco, tomou o remédio, foi bem na prova, está sozinho no recreio?

Claro que a resposta imediata é: ‘na minha época nunca foi assim, ninguém precisa disso’. Mas essa conversa de “velhos tempos” não satisfaz a sociedade de hoje.

São pais e mães, por mais que tenham usado walkie talkies e telefone com fio, avisaram do nascimento de seus filhos pelo WhatsApp. Colocaram bebês em berçários com câmeras. Falam com pediatras, professores, combinam festinhas, tudo por mensagem. E com a mesma urgência que exercem suas multitarefas em um mundo em que, para se sentir seguro e pleno, tudo tem que ser imediato.

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E de repente só a escola não funciona mais assim. Só seus filhos não podem mais fazer parte dessa rede de proteção, monitoramento e comunicação ágil e reconfortante.

Não é fácil e o tempo vai mostrar como serão as adaptações ou eventuais flexibilizações. Mas já que a superproteção foi retirada à força, vale lembrar dos benefícios da independência na educação de crianças e adolescentes.

Ao se deparar com problemas ou frustrações, a criança e o adolescente vão desenvolver habilidades essenciais, muitas vezes prejudicadas pelo fácil acesso aos pais com o celular. Vão descobrir novas formas de lidar com a nota ruim, com o Pix que não pode ser usado na cantina, com as consequências de ter esquecido a lição em casa e não ter como avisar.

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Vão entender que aprender a se adaptar também é crescimento. E que a autonomia leva tanto ao desenvolvimento emocional quanto à criatividade para se tornar um melhor profissional no futuro.

Lembrando sempre que eles estão em um ambiente seguro, a escola, cercados de adultos cujo único trabalho é educar o seu filho. E que, qualquer coisa, o velho e bom telefone fixo vai estar sempre ali na secretaria.

Apesar de 10 entre 10 pais e mães comemorarem as novas leis que proíbem celulares nas escolas, a regra está longe de afetar só crianças e adolescentes. A empolgação com o que parecia ser uma solução para muitos dos problemas que as novas tecnologias trouxeram para as famílias não permitiu uma antecipação de certos sentimentos que afloraram agora.

Mas os primeiros dias de aula mostraram que a restrição aos smartphones mexe muito com a parentalidade de hoje.

Pesquisas indicam como o desenvolvimento econômico, o aumento da desigualdade e da insegurança, aliados às possibilidades de controle advindas das tecnologias, levaram uma geração de pais mais protetores.

Fala-se muito dos tais pais helicóptero, aqueles que se empenham para estar com os filhos, prover todas as atividades que possam levar a um melhor desempenho acadêmico, mas também que chegam a sufocar a independência dos filhos.

Celulares em caixas para que os estudantes não usem nas salas de aula de uma escola em São Paulo Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Mesmo sem chegar aos extremos, não há mãe ou pai de adolescente que não agradeça pela invenção do compartilhamento de localização, principalmente para os que já saem sozinhos à noite.

Mas a retirada do celular da escola fez com que os pais perdessem o grande amenizador das angústias pequenas do dia a dia. Saber se o filho levou o casaco, tomou o remédio, foi bem na prova, está sozinho no recreio?

Claro que a resposta imediata é: ‘na minha época nunca foi assim, ninguém precisa disso’. Mas essa conversa de “velhos tempos” não satisfaz a sociedade de hoje.

São pais e mães, por mais que tenham usado walkie talkies e telefone com fio, avisaram do nascimento de seus filhos pelo WhatsApp. Colocaram bebês em berçários com câmeras. Falam com pediatras, professores, combinam festinhas, tudo por mensagem. E com a mesma urgência que exercem suas multitarefas em um mundo em que, para se sentir seguro e pleno, tudo tem que ser imediato.

E de repente só a escola não funciona mais assim. Só seus filhos não podem mais fazer parte dessa rede de proteção, monitoramento e comunicação ágil e reconfortante.

Não é fácil e o tempo vai mostrar como serão as adaptações ou eventuais flexibilizações. Mas já que a superproteção foi retirada à força, vale lembrar dos benefícios da independência na educação de crianças e adolescentes.

Ao se deparar com problemas ou frustrações, a criança e o adolescente vão desenvolver habilidades essenciais, muitas vezes prejudicadas pelo fácil acesso aos pais com o celular. Vão descobrir novas formas de lidar com a nota ruim, com o Pix que não pode ser usado na cantina, com as consequências de ter esquecido a lição em casa e não ter como avisar.

Vão entender que aprender a se adaptar também é crescimento. E que a autonomia leva tanto ao desenvolvimento emocional quanto à criatividade para se tornar um melhor profissional no futuro.

Lembrando sempre que eles estão em um ambiente seguro, a escola, cercados de adultos cujo único trabalho é educar o seu filho. E que, qualquer coisa, o velho e bom telefone fixo vai estar sempre ali na secretaria.

Apesar de 10 entre 10 pais e mães comemorarem as novas leis que proíbem celulares nas escolas, a regra está longe de afetar só crianças e adolescentes. A empolgação com o que parecia ser uma solução para muitos dos problemas que as novas tecnologias trouxeram para as famílias não permitiu uma antecipação de certos sentimentos que afloraram agora.

Mas os primeiros dias de aula mostraram que a restrição aos smartphones mexe muito com a parentalidade de hoje.

Pesquisas indicam como o desenvolvimento econômico, o aumento da desigualdade e da insegurança, aliados às possibilidades de controle advindas das tecnologias, levaram uma geração de pais mais protetores.

Fala-se muito dos tais pais helicóptero, aqueles que se empenham para estar com os filhos, prover todas as atividades que possam levar a um melhor desempenho acadêmico, mas também que chegam a sufocar a independência dos filhos.

Celulares em caixas para que os estudantes não usem nas salas de aula de uma escola em São Paulo Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Mesmo sem chegar aos extremos, não há mãe ou pai de adolescente que não agradeça pela invenção do compartilhamento de localização, principalmente para os que já saem sozinhos à noite.

Mas a retirada do celular da escola fez com que os pais perdessem o grande amenizador das angústias pequenas do dia a dia. Saber se o filho levou o casaco, tomou o remédio, foi bem na prova, está sozinho no recreio?

Claro que a resposta imediata é: ‘na minha época nunca foi assim, ninguém precisa disso’. Mas essa conversa de “velhos tempos” não satisfaz a sociedade de hoje.

São pais e mães, por mais que tenham usado walkie talkies e telefone com fio, avisaram do nascimento de seus filhos pelo WhatsApp. Colocaram bebês em berçários com câmeras. Falam com pediatras, professores, combinam festinhas, tudo por mensagem. E com a mesma urgência que exercem suas multitarefas em um mundo em que, para se sentir seguro e pleno, tudo tem que ser imediato.

E de repente só a escola não funciona mais assim. Só seus filhos não podem mais fazer parte dessa rede de proteção, monitoramento e comunicação ágil e reconfortante.

Não é fácil e o tempo vai mostrar como serão as adaptações ou eventuais flexibilizações. Mas já que a superproteção foi retirada à força, vale lembrar dos benefícios da independência na educação de crianças e adolescentes.

Ao se deparar com problemas ou frustrações, a criança e o adolescente vão desenvolver habilidades essenciais, muitas vezes prejudicadas pelo fácil acesso aos pais com o celular. Vão descobrir novas formas de lidar com a nota ruim, com o Pix que não pode ser usado na cantina, com as consequências de ter esquecido a lição em casa e não ter como avisar.

Vão entender que aprender a se adaptar também é crescimento. E que a autonomia leva tanto ao desenvolvimento emocional quanto à criatividade para se tornar um melhor profissional no futuro.

Lembrando sempre que eles estão em um ambiente seguro, a escola, cercados de adultos cujo único trabalho é educar o seu filho. E que, qualquer coisa, o velho e bom telefone fixo vai estar sempre ali na secretaria.

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