Terminamos a transmissão das solenidades de entrega do relatório final da Comissão da Verdade, que começou com a apresentação do documento à presidente Dilma Rousseff. O documento, com 4.400 páginas, pede a responsabilização de 377 agentes de Estado por violações de direitos humanos.

É encerrada a cerimônia na sede da OAB. 

O filho de um desaparecido político fez o pronunciamento para cobrar a continuidade das investigações. "Estamos há 45 anos procurando a verdade sobre o que aconteceu com nossos familiares. Muitos de nós não sabemos quem sequetrou nossos pais, irmãos e filhos. Infelizmente a Comissão não conseguiu produzir todas as informações que levem a essa verdade. Infelizmente a Comissão não teve o auxílio de quem tinha essa verdade. Nós vamos continuar essa luta. Queremos saber como desapareceram e foram mortos. Queremos Justiça. Queremos que o Ministério Público Federal investigue e processo todos os agentes do Estado Brasileiro que cometeram esses crimes. (...) Sei que essa dor que carrego comigo nunca irá desaparecer."

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), presente no evento, destacou a necessidade de aprofundar as investigações sobre os desaparecidos e afirmou que a entidade está disposta a contribuir. "A CNBB não se enconde, não. Não se escondeu no tempo da ditadura e não se esconderá na busca da verdade nem quando se refere a ela mesma", disse  dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB.

O jornalista e o ex-preso político volta ao antigo prédio do DOI-CODI e relembra a morte do pai. Assista ao vídeo:

Um dos participantes da cerimônia, Adir Damus, aproveitou o evento para para repudiar as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que nessa terça-feira disse no plenário da Câmara que só não "estuprava" a deputada e ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". "Talvez a OAB tenha que elaborar um manual de bons modos a parlamentares e ensiar a eles o que é quebra de decoro parlametnar. Esse tipo de gente não pode integrar o parlamento brasileiro. (...) Me solidarizo com a deputada e ex-ministra Maria do Rosário."

Jorge Chediek, coordenador das Nações Unidas no Brasil, lê mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre o relatório final da Comisssão da Verdade. "Informar a sociedade é uma salva-guarda vital contra a recorrência de abusos", diz o texto.

A participação de um representante militar levou a manifestações contrárias por parte do público, que reagiram com gritos de "fascista" e vaias. Os organizadores do evento pediram para o público "não perder o foco" no evento.

O terceiro volume do relatório é considerado o mais importante pela Comissão. É a parte em que são apresentadas as 434 vítimas identificadas pelo trabalho do colegiado. Constam dados sobre mortos e desaparecidos políticos e as circustâncias da morte.

Pedro Dallari explica que foram listados os nomes des 377 agentes de Estado contra quem há indícios consistentes de autoria de práticas de violações de direitos humanos. "Nós tivemos muito cuidado na elaboração dessa lista porque sabemos o impacto que ela vai ter."

Pedro Dallari, coordenação da comissão, reafirma que a investigação não se esgosta com a entrega do relatório final.

Tem início a apresentação de resultados do relatório à sociedade civil.

No relatório final, a Comissão da Verdade responsabiliza 377 agentes de Estado por violações na ditadura. Veja o material especial sobre o documento.

Em instantes, os integrantes da Comissão da Verdade farão a entrega simbólica do relatório à sociedade civil, em cerimônia na sede da OAB em Brasília.

Ao receber o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a busca pela verdade "não significa revanchismo" e prometeu tirar "todas as consequências necessárias" das recomendações apresentadas pelo colegiado. Leia a reportagem.