danielsilva
17 de fevereiro de 2012 | 08h18
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Pequenas e microempresas faturaram menos em 2011. Houve uma alta de 3,8% ante o ano anterior, porém, o ritmo de expansão em 2010 havia sido bem maior, de 9,6%. O melhor desempenho ficou com o setor de serviços, que faturou 7,5% a mais, seguido pelo comércio, 3,3% maior ante 2010. A indústria, no entanto, sofreu queda de 0,5% nesse indicador. Os números são do Sebrae-SP.
Mas apesar da desaceleração, especialistas consideram que 2011 foi um ano bom para o segmento no geral. “As micro e pequenas ainda vivem o reflexo da melhora da renda da população, que levou ao aumento do consumo no mercado interno e à alta do emprego”, analisa Pedro Gonçalves, consultor do Sebrae-SP.
No caso de serviços, o que impulsionou o setor mais do que comércio e indústria, além da renda do brasileiro, é a falta de concorrência por importações. “Não dá para importar serviços como importa-se produtos. Restaurantes, lavanderias, advogados e bares ganham com isso”, diz Gonçalves.
A expectativa para comércio e serviços é que o avanço do faturamento seja menor este ano. “A inércia pelo bom momento na economia vai diminuindo”, analisa o professor José Eduardo Balian, que leciona administração na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
A indústria é a área que mais sofre, principalmente com as importações. “A concorrência com importados, com o real valorizado, é desleal para o microempresário”, diz Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de S. Paulo (Simpi). O nível de concessão de crédito e o custo do empréstimo também prejudicam o setor.
“Mesmo com a Selic em queda, o custo do crédito é muito pesado para a pequena indústria. Junto a isso, os bancos já estão mais restritivos por conta da crise externa”, afirma Couri. Com menor capacidade para financiar, os investimentos da indústria se limitam. Para ele, ainda é cedo para tentar prever o futuro da indústria. “Vai depender das ações do governo em relação aos importados e se os bancos ainda irão ser influenciados pela crise externa”, ressalta.
O professor Balian enxerga um cenário um pouco mais otimista. “Não esperamos um crescimento grande para a indústria, mas o setor pode chegar a 2% em 2012. Isso porque a importação deve ser menor em reflexo de uma desvalorização do real. Além disso, as empresas têm reagido, procurando produtos novos para concorrer com os importados.”
Ter um diferencial também ajuda o empresário que trabalha com serviços e comércio a manter seu faturamento, independentemente da queda no ritmo de crescimento do setor. Foi essa a avaliação de Rodrigo Graça, proprietário da Heart Life Telemedicina, empresa especializada em laudos médicos digitais. O faturamento do empresário cresceu cerca de 60% em 2011. “Prestamos serviço para empresas e laboratórios. A grande ideia foi diminuir o tempo entre o envio de exame por parte do nosso cliente e o resultado, de modo que ficássemos mais rápidos do que nossos concorrentes.”
Segundo Gonçalves, do Sebrae, o segredo, além de inovar, é conhecer o mercado. “Se o empresário souber responder as perguntas: o mercado está em crescimento? Posso vender mais no crediário? Meu público está com maior poder de compra?, suas chances de sucesso crescem.”
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