Ações de elétricas voltam a cair com incertezas sobre concessões

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Por Redação

As ações de empresas do setor elétrico voltavam a cair na Bovespa nesta quarta-feira, desta vez com mais intensidade, um dia após o governo anunciar redução das tarifas de energia e antecipar a renovação de concessões do setor, diante das incertezas que ainda rondam o tema. Às 11h35, o índice do setor elétrico na bolsa paulista, o IEE, caía 6,94 por cento, para 29.352 pontos, depois de já ter perdido 3,45 por cento na véspera. O IEE está no menor nível, em pontos, desde novembro de 2011. Entre as principais quedas nesta sessão, Cemig, Cteep e Cesp desabavam entre 15 e 21 por cento. "Essa medida do governo está pressionando bastante o setor. Ainda existe muita indefinição, principalmente com relação à regulamentação das novas concessões. Por isso, o setor está apanhando na bolsa", disse o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira. Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou que a tarifa de energia paga pelo consumidor cairá, em média, 20,2 por cento no início de 2013. Isso será possível graças à redução ou extinção de encargos sobre a conta de energia e pela renovação antecipada e condicionada de concessões do setor elétrico que venceriam a partir de 2015. "O problema é não ter como mensurar ainda o impacto dessas medidas para as empresas", afirmou Pereira, citando que esse cenário gerou insegurança e temor entre investidores. A incerteza sobre quais serão os reais impactos das medidas para as empresas do setor elétrico também foi citada por um operador de uma corretora paulista como motivo para a forte queda dos papéis. "O mercado ficou muito inseguro com esse anúncio do governo e saiu vendendo." No processo de renovação das concessões, o governo promete indenizar as empresas do setor elétrico por ativos que não foram integralmente amortizados. Mas o cálculo disso ainda está sendo elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O presidente da Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia (Abrate), José Cláudio Cardoso, admite que não é possível saber ao certo, neste momento, qual será o impacto para cada empresa e os valores não amortizados que elas terão que receber. "As empresas vão ter um trabalho muito grande para levantar tudo isso. Eu não posso responder agora sem fazer uma análise criteriosa", disse ele, na terça-feira. No segmento de transmissão, a Cteep é uma das mais afetadas, já que tem 80 por cento da receita comprometida com as concessões que serão renovadas. A empresa tem interesse em continuar com as operações que possui, e analisa os impactos da renovação condicionada das concessões sobre seus negócios. No setor de geração de energia, a estadual paulista Cesp tem dois terços de sua capacidade de geração afetada pela renovação das concessões. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva, reconhece que o impacto para as geradoras será "pesado". "Temos uma grande preocupação que é a renegociação com a Aneel para definir os níveis de operação e manutenção que sejam suficientes para administrar a concessão... Com certeza vai ter redução no nível de receita", disse Neiva. O tombo do setor elétrico limitava o avanço do principal índice acionário da bolsa paulista nesta sessão, o Ibovespa, que subia 0,25 por cento. (Por Danielle Assalve e Anna Flávia Rochas; Edição de Cesar Bianconi)

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