A Al Qaeda está treinando combatentes de aparência ocidental, que poderiam facilmente atravessar as fronteiras dos EUA sem atrair atenção, disse no domingo o diretor da CIA, Michael Hayden. O grupo militante islâmico converteu em reduto seguro as áreas tribais paquistanesas na região de fronteira com o Afeganistão e as está usando para tramar outros ataques contra os Estados Unidos, disse Hayden. "A Al Qaeda está levando agentes para essa região para serem treinados --agentes que não atrairiam atenção se passassem pela alfândega em Dulles (aeroporto nas proximidades de Washington) ao lado de americanos que estivessem retornando ao país", disse Hayden em entrevista no programa Meet the Press, da rede NBC. "Eles têm aparência ocidental e poderiam entrar neste país sem atrair o tipo de atenção que outros talvez atraíssem", disse ele, sem dar maiores detalhes. Os EUA foram à guerra no Afegtanistão após os ataques de 11 de setembro de 2001 contra cidades norte-americanas, para esmagar a Al Qaeda e caçar seu líder, Osama bin Laden. Hayden confirmou que os EUA ainda acreditam que Bin Laden esteja escondido na área inclemente da fronteira entre Afeganistão e Paquistão. O jornal Washington Post anunciou na quinta-feira que os EUA intensificaram seus ataques unilaterais contra alvos da Al Qaeda no Paquistão, porque temem que, dentro em breve, os líderes recém-eleitos desse país possam limitar as ações norte-americanas em seu solo. O presidente paquistanês pró-EUA, Pervez Musharraf, foi enfraquecido pela derrota de seus aliados nas eleições recentes no Paquistão. Hayden se negou a comentar diretamente o artigo do Washington Post, mas destacou que a situação nas regiões tribais é muito instável. "A situação na fronteira entre Afeganistão e Paquistão representa um perigo claro e presente ao Afeganistão, ao Paquistão, ao Ocidente de maneira geral e aos Estados Unidos em particular," disse ele. "Está muito claro para nós que nos últimos 18 meses, mais ou menos, a Al Qaeda conseguiu estabelecer uma zona de segurança para ela ao longo da fronteira entre Afeganistão e Paquistão, algo da qual não gozava antes."