Se o tema da cooperação ainda enfrenta grande rejeição em Londres, como reconheceu nesta semana o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, as restrições alemãs à governança econômica coordenada parecem estar se reduzindo, graças ao bom entendimento com Paris. Werner Hoyer, secretário de Estado de Relações Europeias da Alemanha, reconheceu nesta semana que seu país interpreta mal a ideia de um "governo econômico" - uma expressão cara ao Palácio do Eliseu -, mas garante que o governo de Angela Merkel apoia a ideia da coordenação progressiva das políticas econômicas nacionais.Mesmo que a tese da cooperação comece a ser bem aceita, o mais difícil resta a ser definido: as áreas em que a governança comum será implantada. A Espanha propõe critérios de política orçamentária mais restritivos, incluindo mecanismos de sanção aos governos que se excederem. A França prioriza a regulação do sistema financeiro e a criação de uma política industrial comum, que evitaria a transferência de empresas da Europa Ocidental rumo ao leste e aos países emergentes.Já economistas que defendem a integração radical falam em impostos unificados para empresas e até em transferência de recursos orçamentários entre países - o que, na prática, implantaria o federalismo econômico na União Europeia, uma proposta ainda distante do ponto de vista político.Jean Pisani-Ferry, economista, diretor do Instituto Bruegel, de Bruxelas e coautor de The Euro at Ten: The Next Global Currency?, entende que o tema mais urgente é o engajamento dos 27 países em um Plano Orçamentário Sustentável, que seria implantado entre 2011 e 2014, criando objetivos de redução da dívida no período. Para Jacques Caillou, economista do Royal Bank of Scotland (RBS), a crise grega se mostra, paradoxalmente, uma oportunidade para avançar na integração. "Temos uma situação sem precedentes, que testa o sistema", diz, referindo-se aos dez anos de existência do euro. "As respostas que serão implementadas vão criar uma linha diretiva para as próximas décadas em termos de coordenação."