O preço do algodão subiu na primeira quinzena de março, diante da retração dos produtores. O indicador Cepea/Esalq acumulou alta de 4,59% no período para R$ 1,4392 por libra-peso. Uma libra-peso equivale a 0,453597 quilo. Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), os preços, em termos reais, estão próximos da média registrada em maio do ano passado. Há demanda de comerciantes, que têm aceitado as ofertas de preços dos vendedores por causa da obrigação de cumprir contratos. A indústria, razoavelmente abastecida, compra da ''mão para a boca'' ou segue recebendo os contratos antecipados. De acordo com o Cepea, os contratos antecipados negociados entre fevereiro/2007 e fevereiro/2008 para entrega em março tiveram média de R$ 1,3004, com valor mínimo de R$ 1,15 e máximo de R$ 1,45/libra-peso. Na bolsa de Nova York (ICE Futures), as cotações do algodão perderam os ganhos registrados na primeira quinzena do mês, mas no saldo dos últimos 30 dias ainda acumulavam alta de 8%. A valorização recente fez com que a Tendências Consultoria revisasse a projeção de alta nas cotações internacionais de 14,9% para 16,8% sobre 2007. ''Os preços estão subindo acima do esperado por causa da desvalorização do dólar, que faz com que os preços em outras moedas caiam, gerando pressão para ajuste, uma vez que o balanço entre oferta e demanda de algodão continua apertado'', avalia a Tendências. CUSTOS EM ALTA Apesar da indicação de um cenário mais positivo para o algodão, os custos de produção prometem ser, mais uma vez, uma dor de cabeça para os produtores. Dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) mostram que atualmente são necessárias 56,4 arrobas para adquirir 1 tonelada de fertilizante. No ano passado, a relação era de 47,2 arrobas e em 2006, 39,7 arrobas para cada tonelada de fertilizante. Para o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, esse aumento expressivo pode reduzir a área plantada na próxima safra por causa da migração para outras culturas, como a soja, em Estados como Bahia, Goiás e Mato Grosso. Mas ele ressalta que a venda antecipada da safra até 2010 deve impedir uma diminuição mais drástica.