A coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, diz que o maior problema para unificar esforços entre prefeituras em ações em defesa de mananciais é político, mas que há um modelo praticado em outros países que pode ajudar na preservação. "Há um modelo que une o poder executivo, comitês de bacias, empresas privadas e os cidadãos, em parcerias público-privadas, que é de financiamento sustentável, em que os grandes usuários de água pagam para os proprietários de terras com produção de água conservarem essas áreas", diz.Malu disse não acreditar no modelo de fiscalização chamado comando/controle. "Sai caro usar helicóptero, satélites, polícias. Acredito mais na educação ambiental e no modelo que se paga ao produtor de água para conservar suas terras. Mesmo porque a gente fomenta os condutores de degradação, como o Rodoanel. Assim, é como enxugar gelo." O modelo citado pela ambientalista paga a conservação das terras por hectare. O valor varia conforme a região, de R$ 26 a R$ 126 por hectare. "Hoje, o arrendamento de terrenos pela iniciativa privada para plantar cana-de-açúcar chega a R$ 112 o hectare. Plantar eucalipto paga o hectare a R$ 200", cita.Para o ambientalista Virgílio Alcides Farias, do Movimento de Defesa da Vida (MDV) de Diadema, a fiscalização hoje no entorno da Billings é a mesma de dez anos atrás. "Você pode andar comigo o dia inteiro em volta da represa e nos bairros que não vai encontrar nenhum fiscal. Na prática, a vistoria não existe, o que desmoraliza a legislação e o meio ambiente", reclama. Farias diz esperar que, com a Lei da Billings, os municípios se mobilizem e comecem a trabalhar juntos.
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