Antiterrorismo não pode virar 'guerra santa', diz Amorim

Relatório da OEA sobre ataque da Colômbia no Equador é discutido em Washington.

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Por Bruno Accorsi
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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que não se pode fazer do ''(combate ao) terrorismo uma guerra santa que justifique liquidar com todos os princípios do direito internacional''. A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre o fato de a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ter dito que o ônus de impedir novos incidentes na fronteira entre a Colômbia e os países vizinhos compete tanto a eles como aos colombianos. Amorim é um dos ministros das Relações Exteriores que participam de uma reunião especial da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, nesta segunda-feira, para tratar da crise entre Colômbia e Equador. A crise foi desencadeada por um ataque da Colômbia a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano. Na reunião, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, apresentará um relatório elaborado após visitas realizadas por ele aos dois países. Discórdia A OEA classicou a ação colombiana como uma violação à soberania equatoriana, mas o governo do Equador quer que o órgão vá além e condene a ação colombiana. Já as autoridades colombianas querem que a OEA enfatize as necessidades das nações vizinhas de combater o terrorismo, a fim de justificar sua incursão em território venezuelano. Na opinião de Amorim, os dois princípios não são conflitantes, mas o combate ao terrorismo não pode justificar violação da soberania de outras nações. ''Não tem complicação nenhuma. Esse é um princípio básico das Nações Unidas, a inviabilidade das fronteiras. É um direito básico e um dos deveres do Estado." Amorim Mas Amorim acrescentou que ''todos temos que cooperar para combater o terrorismo, e não só o terrorismo. Temos que combater todas as ações ilícitas''. O chanceler disse acreditar que os ministros ''não terão que inovar muito'' em relação a resoluções recentes a respeito da tensão entre os dois países. Amorim disse ser necessário que a OEA adote ''medidas práticas que ajudem a criar confiança para evitar que esses incidentes voltem a ocorrrer''. ''Os detalhes não interessam muito. O importante é que eles não ocorram de novo.'' No ataque da Colômbia em território equatoriano, em 1º de março, foi morto o segundo líder mais importante das Farc, Raul Reyes. Depois da ação, Equador e Venezuela chegaram a romper relações com a nação vizinha. Os laços só foram retomados depois de uma reunião do Grupo do Rio, na República Dominicana, realizada nos dias 7 e 8. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.