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Aracruz tem lucro e vê caixa para honrar compromissos

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Após apurar prejuízo por três trimestres consecutivos, em razão de perdas financeiras bilionárias com derivativos, a Aracruz teve lucro no segundo trimestre deste ano. A empresa também indicou que terá caixa para honrar compromissos financeiros de curto prazo. Entre abril e junho, a maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto registrou lucro líquido de 595,5 milhões de reais, ante lucro de 262,1 milhões de reais no segundo trimestre de 2008, o último resultado trimestral positivo da companhia até igual intervalo de 2009. Segundo a Aracruz, o lucro no segundo trimestre deste ano foi impulsionado por ganhos financeiros com a valorização do real, com impacto positivo sobre a dívida em dólares. No intervalo, a Aracruz apurou receita financeira líquida de 894,7 milhões de reais, ante resultado financeiro positivo de 241,9 milhões no segundo trimestre de 2008. Na linha de variações monetárias e cambiais, a empresa registrou receitas de 863,8 milhões de reais no segundo trimestre, diante da valorização de 16 por cento do real frente ao dólar. Em 30 de junho, a dívida bruta da Aracruz, incluindo 50 por cento da Veracel, joint-venture com a sueco-finlandesa Stora Enso, era de 8,158 bilhões de reais, 1,341 bilhão de reais abaixo do endividamento apurado no final de março. A Aracruz firmou neste ano acordo com bancos que foram contraparte em operações alavancadas com derivativos para pagamento ao longo de nove anos da dívida gerada a partir dessas transações. O lucro líquido da Aracruz, que abriu a temporada de balanços entre as companhias do Ibovespa, ficou ligeiramente acima da média das projeções de três instituições consultadas pela Reuters, que apontava para 562 milhões de reais. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de 205,9 milhões de abril a junho, 42 por cento inferior ao registrado há 1 ano. Ainda assim, superou a expectativa média de quatro corretoras, de 179 milhões de reais. Executivos da Aracruz afirmaram que a empresa terá condições de gerar caixa suficiente para pagar suas dívidas e juros no curto prazo, diante da expectativa de manutenção dos preços da celulose e do volume comercializado em patamares elevados. "Não vemos os preços caindo. Esperamos que eles permaneçam no mesmo nível", afirmou o diretor comercial da Aracruz, João Felipe Carsalade, em teleconferência com analistas. Em julho, os produtores anunciaram um aumento de 30 dólares por tonelada para a celulose de fibra curta, para todas as regiões, levando os preços para o patamar de 530 dólares por tonelada. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Aracruz, Marcos Grodetzky, a empresa não tem planos de captar recursos no momento. "Não temos restrição se quisermos ampliar nosso caixa. Mas também não temos planos (de captar recursos), porque os custos estão muito elevados", afirmou Grodetzky. As ações da empresa reagiam em alta ao balanço, com valorização de 2,58 por cento, a 3,18 reais, contra alta de 1,93 por cento do Ibovespa, às 15h56. RESULTADO OPERACIONAL O volume de vendas de celulose da Aracruz, incluindo a parcela na Veracel, cresceu 8 por cento no segundo trimestre na comparação com igual intervalo de 2008, para 832 mil toneladas. Mas a alta no volume não foi suficiente para compensar o preço em dólares menor da matéria-prima. Conforme a empresa, o preço médio em moeda estrangeira recuou 36 por cento nessa base de comparação. Dessa forma, a receita líquida da Aracruz entre abril e junho recuou 12 por cento ante um ano antes, para 780,4 milhões de reais, mesmo com o recorde nas vendas em volume para um segundo trimestre. A Aracruz informou que a demanda global por celulose recuou 6,6 por cento até maio, enquanto a demanda mundial por celulose branqueada de eucalipto avançou 11 por cento. A Aracruz projeta produção de 3,2 milhões de celulose neste ano, uma alta de 3 por cento ante as 3,106 milhões de toneladas produzidas no ano anterior. Na composição de vendas da Aracruz no segundo trimestre, os embarques para a China mantiveram a Ásia como destino de 45 por cento do total vendido pela empresa. "Não há espaço para uma queda drástica nas vendas de celulose para a China (no segundo semestre)", disse Carsalade. Ao final de junho, os estoques da Aracruz estavam em 42 dias de produção, uma queda de sete dias na comparação com março.

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