Argentina vive onda de apagões de até 8h de duração

Cristina Kirchner reconheceu que ocorreram 50 mil cortes de energia na terça-feira.

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Por Marcia Carmo

Diferentes bairros da cidade de Buenos Aires e localidades na Província de Buenos Aires têm sofrido cortes de luz de até oito horas de duração nos últimos dias. Segundo representantes das duas maiores empresas de energia do país, a Edenor e a Edesur, os apagões se tornaram mais freqüentes a partir do Ano Novo, com o aumento da temperatura e do consumo de ar condicionado e ventiladores. Ainda não existem números exatos sobre o total de consumidores atingidos, podendo variar entre 50 moradores e três mil, como ocorreu na terça-feira. A escassez de energia vem ocorrendo na Argentina desde o último inverno, quando as baixas temperaturas, juntamente com o crescimento econômico, aumentaram o consumo e deixaram evidente os efeitos da falta de investimentos no setor. Há pelo menos dois anos especialistas vinham alertando para a possibilidade de problemas. Milhares de atingidos Nesta quarta-feira, a presidente argentina, Cristina Kirchner, reconheceu que na terça-feira "ocorreram 50 mil cortes simultâneos de energia no horário de maior consumo (por volta das 21h)". Segundo a presidente, esses cortes ocorreram em uma região onde vivem cinco milhões de consumidores. Ela atribuiu o transtorno ao aumento da temperatura. "Essa situação requer maior responsabilidade das empresas e do Estado", afirmou. O ex-secretário de Energia e analista energético, Daniel Montamat, disse que a crise só será revertida quando o governo voltar a atrair investimentos para o setor. As tarifas do setor público privatizado - energia, água e outros - estão congeladas na Argentina desde 2001. "O cobertor está curto. A oferta de energia não alcança para a demanda nacional", disse Montamat. Prioridade às residências Nesta semana, de acordo com a imprensa argentina, o governo se reuniu com representantes das geradoras e distribuidoras do setor para analisar a situação e teria determinado maior atenção para as regiões residenciais do que para as empresas. A medida também foi adotada durante o inverno, com a oferta de energia insuficiente para atender o aumento do uso de aquecedores elétricos. Desta vez, o governo voltou a "exigir " que as empresas reduzam o consumo de eletricidade para não serem obrigadas a cumprir racionamento. Na terça-feira, o governo argentino importou 300 megawatts de energia do Brasil - primeiro pedido de socorro neste verão. O Brasil já tinha ajudado o País no último inverno. No dia 21 de dezembro, o governo de Cristina Kirchner anunciou as primeiras medidas de um plano energético que incluiu a implementação, a partir do dia 30 passado e até março, do horário de verão, com o adiantamento dos relógios em uma hora. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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