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Memória, preservação e acervos

Nixon e Mao: o aperto de mão que redefiniu o mundo

 22 de fevereiro de 1972

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Por Lizbeth Batista
Atualização:
 Foto: Estadão

Em 1970, o presidente americano, Richard Nixon expôs sua estratégia de paz: reduzir a presença militar americana no mundo, começando pelo velho continente. Para pavor dos aliados europeus, que viam Moscou mais perto da supremacia nuclear, a Doutrina Nixon soava como a capitulação americana. Houve quem anunciasse o final da Guerra Fria.

Mas os Estados Unidos não perderam a disputa, num movimento inesperado, mudaram o jogo, convidando mais jogadores ao tabuleiro. E para realizar essa difícil manobra, Nixon fez algo na categoria do inimaginável: em 1972, foi à China.

O Estado de S.Paulo -  20/02/1972

 Foto: Estadão

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A Casa Branca sabia que parte crucial da viagem era convencer a opinião pública americana que muitos benefícios adviriam do reatamento das relações sino-americanas. Sabia também que o encontro precisava causar uma boa impressão aos seus aliados internacionais, para diminuir a animosidade em torno de sua duvidosa política externa. Washington calculou as variáveis. Henry Kissinger, então Secretário de Estado americano, fez uma visita prévia à China para costurar a retomada das relações, em julho de 1971. Saiu de lá com um convite para Nixon, que prontamente foi à TV comunicar aos americanos que visitaria a China em breve.

O encontro com MaoTsé-tung e as conferências com o primeiro-ministro Chu En-lai eram eventos de suma relevância mundial. Para registrar esse acontecimento histórico, um show midiático foi armado. Jornalistas até hoje se lembram do frenesi das redações e da acirrada disputa por credenciais.

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  Foto: Estadão

Nixon vai à cerimônia, ao lado do primeiro ministro chinês, Chu En-lai. Fotos: UPI

 

A comitiva acertou no roteiro e na apresentação. As imagens da visita suavizaram inquietações. Fotógrafos registraram tudo: jantares com brindes celebrando os laços de amizade refeitos; os Nixons indo ao teatro com Madame Mao; o casal presidencial posando para fotos na serpenteante Muralha da China; a primeira dama Pat comprando conjuntos de porcelana para casa e  pijamas de seda para o marido, enquanto ele se deliciava, num almoço, com pato laqueado.

O Estado de S.Paulo - fevereiro de 1972

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

No dia 22/02 os leitores viram a cena mais esperada, imagens do presidente americano Richard Nixon apertando as mãos dos líderes chineses, do presidente Mao Tsetung e do primeiro-ministro Chu Enlai, gestos que marcaram a retomada dos laços entre os Estados Unidos e a China, após 25 anos. Cada dia da viagem foi estampado na capa do Estado, e só uma tragédia tirou Nixon das manchetes: o incêndio no Andraus.

A cobertura mostrou o lado turístico, encantador e amistoso da China sendo redescoberta pelos americanos, exatamente como o RP de Washington planejou, mas não falhou em analisar cada movimento de Nixon, decodificando a intenção política por trás de seus passos. Oito editoriais discutiram e apontaram os diversos ângulos e revezes da aproximação entre os dois gigantes.

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O Estado de S.Paulo,24 /02/1972

 Foto: Estadão

O assunto da semana ocupou as páginas dos jornais, até em  anúncios publicitários

Pesquisa e texto: Lizbeth BatistaSiga o Arquivo Estadão: twitter@estadaoarquivo e facebook/arquivoestadao

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