O voto pela retirada dos não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol, proferido ontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, mobilizou os arrozeiros hoje. Em Boa Vista, capital de Roraima, a Associação dos Rizicultores reuniu os produtores para analisar a situação. Antes de definir novas estratégias de mobilização, Nelson Itikawa, presidente da entidade, disse que o grupo "vai esperar a poeira baixar", mas não ficará de "braços cruzados". Em Brasília, o líder arrozeiro e prefeito de Pacaraima pelo DEM, Paulo César Quartiero, reuniu-se com dirigentes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e decidiu pela implantação de comitês de gerenciamento de crise em todos os Estados, a começar por Roraima. A medida é a primeira reação do setor ao voto do relator. Nele, Ayres Britto defendeu o cumprimento do artigo 231 da Constituição, que considera nulas as posses em áreas reconhecidas como terra indígena, ainda que as fazendas sejam tituladas. "A posição do ministro causou arrepios nos produtores de todo o País e vamos começar uma mobilização nacional pela liberdade de produzir no Brasil", afirmou. Entre os indígenas, o primeiro dia após o adiamento do julgamento, em razão do pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito, foi sem incidentes. As lideranças da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr) passaram o dia confinadas em sua sede, na periferia de Boa Vista, onde prepararam faixas para uma manifestação que pretendem realizar amanhã.
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