Quase metade das ocorrências policiais registradas em território do Metrô paulistano está concentrada em apenas cinco estações: Sé, Barra Funda, Tatuapé, República e Paraíso (nessa ordem) são as mais perigosas. Casos de furto e roubo correspondem a 48% dos registros. Segundo o Departamento de Segurança do Metrô, os números são reflexo da quantidade de passageiros que circulam pelas estações e da situação externa a elas. 'Os problemas da rua acabam migrando para o sistema', disse o chefe do departamento, José Luiz Bastos. 'E por isso o Centro é uma das mais complicadas.' A Sé concentra 18% das ocorrências policiais, Barra Funda, 9%; Tatuapé, 7%; República, 5% e Paraíso, 3%. Pelas catracas dessas paradas circulam cerca de 20% dos 3,3 milhões de passageiros que utilizam o Metrô diariamente. O gerente de conteúdo Valmir Aparecido dos Santos, 37 anos, sabe bem dos problemas do metrô na região central. Ele passa todos os dias nas estações Barra Funda e Sé e já foi furtado uma série de vezes. Tirando o celular, nunca levaram nada de grande valor. "Até um pacote de cotonetes e um carrinho de plástico que comprei para o meu filho já foram furtados", disse. "Parece que os ladrões sempre dão um jeitinho de pegar, e a segurança de não ver", reclamou. No primeiro semestre do ano, foram registrados em média dois casos de furto e roubo por dia em estações. Mas esse número já foi bem maior: em 2004, eram quase cinco. A queda foi possível com o aperfeiçoamento do esquema de segurança da equipe do Metrô. As imagens geradas por 860 câmeras são acompanhadas em tempo real por três funcionários. Segundo Bastos, todas são gravadas e ficam arquivadas por sete dias. Dos 1.130 agentes, por exemplo, 120 são especializados em casos de roubo e furto. A estratégia dos ladrões é diferente para cada situação. No caso de furto, em que a vítima chega a pensar que perdeu o objeto, a preferência é por lugares movimentados. O empurra-empurra do embarque e desembarque e o descuido de passageiros são grandes aliados dos bandidos. Já no roubo, quando a vítima é abordada, quanto mais vazio, melhor para os ladrões. No metrô, esse tipo de ocorrência costuma acontecer a um raio de 15 metros do acesso à estação. O celular é o principal alvo. E como no interior, só há sinal para telefone móvel na Linha Verde (Alto do Ipiranga-Vila Madalena), os ladrões escolhem o celular que querem roubar na entrada, onde as pessoas costumam ir para telefonar. "Até o fim do ano, essas ocorrências devem diminuir, porque todas as estações terão sinal. Com isso, os bandidos não terão mais um ponto de observação", disse Bastos. Cabines blindadas Até o fim do ano, o Metrô pretende investir mais R$ 20 milhões no setor de segurança. Até dezembro, o Departamento de Segurança da empresa pretende reduzir o número de roubo às bilheterias, com a instalação de cabines blindadas. Neste ano, a média de ocorrências desse tipo é de duas por mês. No ano passado foram 14; em 2006, 132; e em 2005, 336. Por enquanto, 63% das bilheterias têm blindagem. "Pelas câmeras, já vimos diversos casos de desistência. O ladrão anuncia o assalto, mas quando vê que a cabine é blindada vai embora", comentou Bastos. "A idéia é que essas ocorrências se reduzam a zero." Além dos casos de roubo a bilheterias, há um outro tipo de ocorrência que vem ganhando espaço. As brigas entre passageiros já representam 12% dos registros policiais. Em janeiro, os seguranças apartaram oito. Em fevereiro, 17. A publicitária Thaise Micheli Ribeiro, de 25 anos, já protagonizou um caso desse tipo, que nem chegou aos registros do Metrô. Depois de ser assediada por um homem dentro do trem, ela o agrediu. "Cheguei a quebrar o nariz do cara que ficou se esfregando em mim. Ele ficou sangrando e nenhum segurança apareceu", contou. Em segundo lugar no ranking de casos policiais registrados pela companhia estão as ocorrências de dano ao patrimônio. Elas representam 18% do total, entre janeiro e junho. Há um mês, na Linha 3 - Vermelha cabos de cobre foram furtados por três vezes consecutivas. "Não temos noção do prejuízo financeiro que isso nos trás. O problema maior é o impacto no sistema: um atraso ou um trem que deixa de circular", disse Bastos.
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