Aterro Bandeirantes utilizará tecnologia limpa em 2008

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Por Anne Warth
2 min de leitura

O aterro sanitário Bandeirantes, localizado na zona norte de São Paulo e que se destacou em setembro passado por ter tido seus créditos de carbono negociados pela primeira vez em Bolsa, passará a utilizar uma tecnologia inédita que transformará todo o processo da usina livre de emissões a partir de 2008. O mecanismo, patenteado internacionalmente pela Carbono Brasil e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), utiliza o plasma térmico para degradar e transformar as moléculas de gases provenientes de qualquer usina termelétrica ou de co-geração, chaminé ou mesmo escapamento de caminhões e navios, tais como gás carbônico e monóxido de carbono, em substâncias não-poluidoras, como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio gasosos. O outro produto do processo é o carbono em sua forma sólida, retido dentro do equipamento. Um software e um hardware instalados medem a quantidade acumulada e informam ao motorista quando o reservatório está cheio. O próprio dono do veículo ou usina poderá comercializar o carbono, uma das principais matérias-primas da indústria de pneus e asfalto. A Carbono Brasil vai liberar ao mercado a tecnologia, o software e a patente do produto em 2009, primeiramente para grandes indústrias e usinas termelétricas e de co-geração. O objetivo da empresa, que atua na área de serviços, é realizar o monitoramento do carbono acumulado. A negociação dos créditos poderá ser feita diretamente, sem qualquer intermediação, a preços de mercado. Embora ainda não haja uma estimativa sobre valores, na avaliação do presidente da companhia, Rui Müller, o valor da nova tecnologia será muito menor que os atuais catalisadores de platina. Nos testes em laboratório, o produto conseguiu captar 100% das emissões de gases. A aplicação da tecnologia no aterro Bandeirantes será uma espécie de teste prático do projeto. Na usina, a estrutura terá grandes dimensões, mas em caminhões, terá cerca de 1 metro cúbico. A apresentação do produto foi realizada no Fórum Internacional de Energia Renovável e Sustentabilidade - Eco Power, em Florianópolis. Leilão Em 26 de setembro deste ano, a Prefeitura de São Paulo realizou na BM&F o primeiro leilão do Brasil de créditos de carbono, decorrentes do aterro Bandeirantes, no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O banco holandês Fortis Bank NV/SA foi o vencedor do leilão ao pagar 16,20 euros por tonelada de carbono equivalente, o que representou um montante total de 13,096 milhões de euros, valor próximo a R$ 34 milhões. O MDL foi instituído pelo Protocolo de Kyoto, segundo o qual países desenvolvidos, além de se comprometerem com metas internas de redução de gases poluentes, têm condições de comprar crédito de carbono gerado por países em desenvolvimento. No aterro são depositadas sete toneladas de lixo urbano por dia que geram gases, especialmente o metano e o gás carbono, que colaboram no efeito estufa. No aterro Bandeirantes, o maior da América Latina, 80% dos gases gerados são transformados em matéria-prima para criação de energia elétrica em uma usina cuja capacidade é de 175 mil watts/ano. * A jornalista viajou a Florianópolis a convite da organização do evento.

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