Cerca de mil alunos, professores e funcionários da Universidade Federal do Paraná (UFPR) reuniram-se hoje, em frente ao prédio histórico da instituição, na Praça Santos Andrade, em Curitiba, para um protesto contra a violência. O ato foi motivado pela morte, em assalto, na sexta-feira, da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Maria Benigna Martinelli de Oliveira, de 56 anos. No mesmo dia, Rafael dos Santos, de 15 anos, filho de uma funcionária terceirizada da UFPR, foi morto por uma bala perdida. Pelo menos mais três pessoas morreram de forma violenta no fim de semana. A polícia investiga as mortes. A maioria dos manifestantes vestia branco, num gesto de paz. O preto estava numa faixa na fachada do prédio da universidade. Pela primeira vez em 95 anos de existência, o Conselho Universitário realizou uma reunião em praça pública. "Algo precisa ser feito", pediu o reitor Carlos Augusto Moreira, antes do ato. "É o momento de dar um passo à frente e exigir mudanças." A sessão do conselho foi marcada pela leitura de uma carta, um minuto de silêncio e a execução do Hino Nacional. Na carta do conselho, foi descrita a visão que os conselheiros acreditam Maria Benigna teria da situação. "Acreditamos que diria: somente com a educação, poderemos mudar esse estado de coisas e construir saídas para a crônica questão da violência", diz. "Que a transformação comece em cada um de nós, dentro de nossas famílias, nas escolas, no trabalho, nas instituições públicas e privadas." Em encontro com o secretariado, o governador Roberto Requião (PMDB) também lembrou as agressões e pôs parte da culpa no Poder Judiciário. Segundo Requião, um levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública aponta que a "maioria absoluta" dos crimes em assalto na capital paranaense é cometida por presos fugitivos da Penitenciária Agrícola. "O critério de envio de presos para a Penitenciária Agrícola, que é aberta, está sendo um pouco frouxo demais", afirmou. Presos "Esses presos fogem da penitenciária, ligam-se a essas organizações de presos, os PCCs, sem dinheiro, sem condição de sobrevivência e, cobrados pela organização, vão aos assaltos, ao crime e aos homicídios", continuou. "Tem de tomar mais cuidado com essas transferências de presos de regime fechado para regime aberto e para regime semi-aberto, tem de haver critério mais apertado nesse processo." Ele também reclamou de liminares que reconduzem ao trabalho agentes penitenciários afastados pelo governo do Parná. O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Miguel Kfouri Neto, disse que o Judiciário apenas cumpre a lei.