ATUALIZA 2-Berlusconi segue na política, mas descarta candidatura a premiê

PUBLICIDADE

Por Redação
2 min de leitura

O italiano Silvio Berlusconi disse neste sábado que permanecerá na política, mas descartou buscar a cadeira de primeiro-ministro na próxima eleição marcada para abril do no que vem. E afirmou que o bloco de centro-direita decide "nos próximos dias" se mantém ou retira o apoio ao governo de Mario Monti. Berlusconi sustentou a televisão italiana que se sentia "obrigado a permanecer em campo" para proteger outros italianos do que chamou de injustiças judiciárias, reagindo à condenação de um tribunal de Milão por fraude fiscal. "Me sinto obrigado a permanecer em campo para reformar o sistema judiciário, para que o que aconteceu comigo não aconteça com outros cidadãos", afirmou o ex-premiê à emissora Channel Five, parte de seu império midiático. O anúncio é uma surpresa, porque na última quarta-feira Berlusconi disse que não concorrerá na próxima eleição como líder de seu partido Povo da Liberdade (PDL), encerrando quase 19 anos como político dominante da centro-direita. A sentença inclui uma proibição de cinco anos de concorrer a cargos políticos, mas já que a sentença não será cumprida até a última instância de apelação ser concluída, Berlusconi pode concorrer ao Parlamento nas próximas eleições gerais, em abril. O bilionário magnata da mídia, que tem 76 anos, foi condenado três vezes durante a década de 1990 em primeiro grau antes de ser absolvido por cortes superiores. Ele tem o direito de apelar mais duas vezes da condenação antes de a sentença ser definitiva. Berlusconi disse também que o bloco de centro-direita decide "nos próximos dias" se retira o apoio ao atual primeiro-ministro Mario Monti no Parlamento ou se mantém a aliança até a eleição prevista para abril. O governo de Monti é apoiado por partidos de centro-esquerda, centro e centro-direita. Se perder o apoio de toda a centro-direita, Monti teria de renunciar ao posto. PROTESTO Dezenas de milhares de pessoas marcharam por Roma em um protesto chamado "Dia sem Monti" neste sábado contra as medidas de austeridade introduzidas pelo governo. Nomeado em novembro, quando a Itália viu-se arrastada à crise da dívida da zona do euro, Monti conseguiu a aprovação de severas medidas de austeridade a fim de reduzir a enorme dívida do país, incluindo o aumento de impostos, cortes de gastos e uma revisão das pensões. "Nós estamos aqui contra as políticas dele, as mesmas políticas de toda a Europa, que levaram a Grécia a se ajoelhar e que está destruindo metade das escolas públicas e da assistência médica na Europa", disse Giorgio Cremaschi, um dos manifestantes. Monti tem defendido as medidas de austeridade, dizendo que acredita que seu governo tecnocrata será lembrado por ter ajudado a Itália a se livrar de uma profunda crise econômica sem ter de recorrer à ajuda externa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.