Baixada Santista enfrenta falta d'água de inverno

Sabesp afirma que o obstáculo para abastecimento é a estiagem que atinge todo o Estado

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Por REJANE LIMA
2 min de leitura

Mesmo sem os turistas de verão, moradores da Baixada Santista (SP) têm enfrentado dificuldades de falta d'água nas férias de inverno. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) alega que agora o obstáculo é a estiagem que atinge todo o Estado. Na região, a falta de chuvas está prestes a completar um mês. "Essa é a maior estiagem dos últimos 14 anos", argumentou o superintendente regional da Sabesp, Reinaldo Young, informando que o estorvo se restringe à população de, aproximadamente, seis bairros, próximos à Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, na área continental de São Vicente e em parte de Praia Grande. De acordo com Young, a seca reduziu em 50% as reservas dos Rios Jurubatuba, no Guarujá, e Melvi, em Praia Grande, sem refletir no abastecimento dos mananciais. No entanto, segundo ele, a falta d'água ocorre em alguns bairros periféricos, de relevo mais elevado. Young lembrou que a adoção do novo sistema adutor que sairá de Itanhaém acabará com a complicação. Planejadas para estarem concluídas em um ano e seis meses, as obras das adutoras fazem parte do Projeto Mambu-Branco, anunciado em janeiro pelo presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, como solução para a falta d''água típica de verão, causada pela superpopulação de turistas da temporada. Enquanto isso, famílias como da dona de casa Joselita Alexandre dos Santos Vieira, de 30 anos, fazem o que podem para enfrentar a falta d'água, que dura cerca de um mês. "Peguei uma gripe lavando roupa de madrugada", afirma Joselita, que mora no bairro Samaritá, em São Vicente, com o marido e os dois filhos. "O Lucas (de 1 ano e 10 meses) está naquela fase que suja roupa demais, derruba comida, brinca no chão", afirmou a dona de casa, que, para tentar controlar a quantidade de roupa para lavar, tem evitado que filha Mayara, de 12 anos, brinque na rua. "Nada de brincar com areia, e, como ela está de férias, fica só assistindo a TV." Vila Ema Já na Vila Ema, a dona de casa Maria Cristina de Brito da Cruz, de 36 anos, desistiu de "prender" os quatro filhos em casa para evitar mais sujeira. "Até tentei trancar eles, mas quase fiquei louca." Com o marido e filhos de 14, 10, 5 e 2 anos, Maria Cristina mora no bairro desde criança e afirmou nunca ter visto falta d''água "tão grande". "Antigamente, faltava de dia, mas, à noite, enchia a caixa e tinha água, agora, está demais, não enche mais as caixas." Ela contestou a justificativa de que a situação crítica é por causa do tempo seco, com o argumento que o abastecimento está normal em bairros próximos. "Hoje, a minha vizinha telefonou para a Sabesp e falaram que nem caminhão-pipa viria", afirmou Maria Cristina, que usava essa água nos banhos "de canequinha". "Porque, para fazer comida aquela água, não dá; é suja, tenho lavado o arroz no cavalete lá da frente", disse. De acordo com o superintendente regional da Sabesp, todos os carros-pipa disponíveis têm sido enviados aos bairros com o abastecimento comprometido.

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