Sem proposta de aumento real de salários, os bancários ameaçam entrar em greve por tempo indeterminado em todo o Brasil a partir de amanhã. Hoje, os trabalhadores participam de assembleias em todo o País para votar a oferta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 4,5%, que repõe as perdas somente com a inflação dos últimos 12 meses. A categoria foi orientada pelo Comando Nacional dos Bancários a rejeitar a proposta e decidir pela greve."A nossa pauta de reivindicações foi entregue aos bancos no dia 10 de agosto e, após mais de um mês de negociações, eles fizeram uma proposta rebaixada, que apenas repõe a inflação, diminui o valor da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e ignora as outras demandas", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e coordenador do Comando Nacional.Na avaliação do sindicalista, trata-se de uma postura inaceitável para o setor "que obteve os maiores lucros de toda a economia brasileira no primeiro semestre e alcançou a maior rentabilidade de todo o sistema bancário das Américas".Para o diretor de Negociações Trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, "a declaração de greve dos bancários é completamente indevida". "É muito esquisito que eles recebam uma proposta, mandem um comunicado por e-mail dizendo que o comando recusou a proposta e marquem greve.""A negociação está aberta, não foi fechada, não houve impasse", argumentou. "O que esperamos é que eles apresentem uma contraproposta a isso que nós apresentamos.""Não há sequer espaço de contraproposta", reagiu Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro do Comando Nacional dos Bancários. "Eles não apresentaram uma proposta que sequer pudesse ter um processo de reflexão mais efetiva na mesa pela categoria."Os sindicalistas acusam a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de, antes mesmo de apresentar proposta, ter se reunido com o comando da Polícia Militar da capital paulista para montar um esquema de repressão à uma possível greve de bancários.
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