Betancourt passou mais de seis anos no cativeiro

Política fazia campanha para a Presidência quando foi capturada em 2002.

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Por Márcia Carmo
2 min de leitura

Ingrid Betancourt era candidata à presidente da Colômbia quando foi seqüestrada pelo grupo guerrilheiro FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) no dia 23 de fevereiro de 2002. Na hora do rapto, ela estava acompanhada por sua vice Clara Rojas, liberada em janeiro passado. Durante os seis anos e cinco meses de cativeiro, Ingrid passou períodos com Rojas, com outros grupos de reféns ou sozinha, como "castigo" por não obedecer algumas ordens dos guerrilheiros, contou a ex-candidata a vice. Numa das poucas fotos divulgadas durante este período, ela aparece magra e abatida, sentada com os pés e mãos amarrados, em meio à selva colombiana. Nascida em 1961, ela viveu a juventude em Paris, onde o pai, Gabriel Betancourt, foi embaixador da Unesco. Esperança Ingrid é cidadã francesa e colombiana e seu seqüestro levou o líder presidente francês, Nicolas Sarkozy, a pedir por sua liberação, logo depois de ter sido eleito. O rosto de Ingrid, ex-senadora, e o apelo por sua liberação foi motivo de manifestações em Paris e em Bogotá em diversas ocasiões. A mãe da ativista política, Yolanda Pulecio, fez várias viagens a diferentes países pedindo apoio pela liberação da filha. Ingrid lhe enviou cartas dramáticas, dizendo que o que a mantinha viva na selva era a "esperança" de poder voltar a ver os filhos - Melanie e Lorenzo Delloye, que vivem em Nova Iorque e Paris. Eles eram pré-adolescentes quando a mãe foi raptada e agora estão na universidade. Para estimulá-la, lhe enviavam mensagens em um conhecido programa de rádio colombiano, através do qual familiares mandam mensagens aos reféns. Política opositora ao atual presidente Álvaro Uribe e defensora de uma saída negociada com as FARC, Ingrid era considerada peça-chave na estratégia do grupo. Os jornais colombianos informaram, em diferentes ocasiões, que ela era "decisiva" para os planos dos guerrilheiros para trocá-la por rebeldes presos. Betancourt encabeçou uma lista de cerca de 45 reféns - incluídos políticos, militares, policiais e os três norte-americanos-, que as Farc queriam trocar por 500 rebeldes presos. Às vésperas do natal do ano passado, o segundo marido de Ingrid, Juan Carlos Lecompte, realizou uma travessia de avião pela selva colombiana e lançou milhares de fotografias dos filhos da ex-candidata a presidente, como "presente de Natal" e de "aniversário" para sua esposa. Uma forma de tentar "manter suas esperanças", como afirmou, já que ela mostrava-se muito triste nos contatos com a família. Recentemente, a imprensa colombiana revelou que a senadora Pilar Córdoba, que participou da liberação de Rojas e outros reféns, teria dito aos guerrilheiros que Ingrid era o nome mais importante entre as centenas seqüestrados - estima-se que as Farc mantém algo em torno de 700 reféns. Ingrid estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris e retornou a Bogotá em 1989. Pouco depois começou sua carreira política. Na campanha eleitoral, sua principal bandeira era o combate à corrupção e era também apresentada como militante de defesa do meio ambiente. Em 1998, ela foi eleita senadora e recebeu ameaças de morte. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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