Betancourt pede a Chávez que confie em Uribe

Ex-refém diz que líderes venezuelano e equatoriano devem pressionar Farc.

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Por Claudia Jardim
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A ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt fez um apelo nesta quinta-feira para que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa "empurrem" as Farc para a via democrática e que "restabeleçam os níveis de amizade e confiança com o presidente (da Colômbia, Álvaro) Uribe". "Esta é a forma para que possamos alcançar novas libertações unilaterais", afirmou Betancourt, logo após um emocionado reencontro com seus filhos Melanie e Lorenzo Delloye em Bogotá. "Que nos ajudem (Chávez e Correa) para que as mudanças que queiramos fazer na Colômbia sejam pela via democrática, empurrando as Farc, com a influência que eles têm sobre os comandantes das Farc, a deixar o caminho do terrorismo e empreendam o caminho da conciliação e da negociação", acrescentou a ex-refém que foi mantida em cativeiro por seis anos na selva colombiana. O governo da Colômbia acusa Chávez e Correa de manter vínculos com a guerrilha. No mês passado, Chávez, que defendia o reconhecimento do status de beligerância às Farc, mudou o tom e pediu que a guerrilha abandonasse a luta armada - pronunciamento que foi recebido com simpatia e surpresa pelo governo colombiano. Tensões regionais A incursão militar do Exército colombiano no Equador, no dia 1º de março, que resultou na morte do número dois da guerrilha, Raul Reyes, provocou uma crise diplomática surgiu na região andina. Desde então, Correa decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia. Os governos da Venezuela e Colômbia retomaram o diálogo, mas a tensão entre Chávez e Uribe ainda não foi de todo dissipada. O presidente venezuelano, que vinha atuando como principal interlocutor entre a guerrilha e as Farc até a libertação unilateral de seis reféns em janeiro e fevereiro, ainda não se pronunciou sobre o resgate militar encabeçado pelo governo Uribe que resultou na libertação de 15 reféns. Ingrid Betancourt, de 46 anos, disse que a "liberdade é um bem muito importante" e sugeriu a criação de uma liga de países para que atuem na libertação de seqüestrados que ainda estão em cativeiro. O pedido de Betancourt se seguiu ao da filha, Melanie. "Quando libertaram os outros reféns (em janeiro) eu fiquei muito feliz, mas triste aos saber que minha mãezinha ainda estava na selva. Por isso temos que continuar lutando para libertar a todos os seqüestrados que ficaram", disse Melanie. Ao deixar o aeroporto onde se reencontrou com os filhos, com a irmã Astrid e o ex-marido Fabrice Delloye, pai das crianças, a ex-refém disse que iria à Igreja e depois passaria o dia com a família. "Quero estar com a minha família hoje", disse. A ex-refém de nacionalidade colombo-francesa deverá viajar nesta sexta-feira a Paris para se reunir com o presidente Nicolas Sarkozy. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.