O boletim de ocorrência do caso da menina de 5 anos que morreu no sábado ao cair do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo registra que ela foi atirada de um quarto diferente do que o pai a colocara para dormir. Em depoimento, o pai da criança, Alexandre Nardoni, disse que deixou a criança dormindo no quarto em que ela costumava ficar. Porém, segundo o boletim registrado no 9º Distrito Policial (Carandiru), a menina foi lançada da janela do quarto dos seus dois meio-irmãos, cuja tela estava cortada. Além disso, havia gotas de sangue no corredor entre os dormitórios e no lençol do quarto dos irmãos. Os pais de Isabela são separados e a menina passava a cada quinze dias um final de semana na casa do pai, que mora com sua atual mulher, Anna Carolina Peixoto, e os dois filhos do casal (um de três anos e outro de 11 meses). De acordo com o boletim, Alexandre afirma que deixou a esposa e os filhos no carro e subiu para colocar a menina que já dormia na cama. Ele diz que destrancou o apartamento, deixou-a dormindo e, ao sair, apagou todas as luzes e trancou novamente o apartamento. O pai da menina teria então descido para ajudar a carregar as outras duas crianças. Quando voltou com os dois filhos e a esposa, Alexandre destrancou normalmente o apartamento e ao entrar notou que a luz do quarto dos filhos estava acesa. Em seguida, ele e a esposa notaram as gotas de sangue e a tela da janela cortada. Ao se aproximarem, viram a menina caída no gramado em frente ao prédio. De acordo com o depoimento do pai, entre o momento de colocar a filha na cama e a volta ao apartamento teriam passado de 5 a 10 minutos. Segundo a polícia, também havia marcas de sangue no quarto da criança, o que reforça a tese de que ela foi agredida antes de ser jogada pela janela de outro quarto. Ontem, a perícia feita pela Polícia Técnico-Científica confirmou que a rede de proteção da janela foi cortada propositalmente com objeto cortante. Ainda de acordo com as informações do boletim de ocorrência, a criança apresentava ferimentos na testa e na perna direita, ambos com sangramento. Isabela foi encaminhada para o pronto-socorro da Santa Casa, mas já chegou sem vida ao hospital. Ela foi enterrada hoje no Cemitério Parque dos Pinheiros, em Jaçanã. Segundo o 9º DP, ainda não há data para a reconstituição do crime. "Muitas pessoas ainda precisam ser ouvidas antes de qualquer reconstituição", informou a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).