De um lado do Atlântico, a sexta economia mundial, em processo de desenvolvimento econômico e social e com 192 milhões de habitantes; do outro, um país menor do que o estado de Santa Catarina, em crise, a quem devemos o idioma e a herança cultural. Brasil e Portugal anunciaram nesta terça-feira parte da programação conjunta, em áreas como a cultura, a economia e a ciência, que marcará o período de setembro próximo a junho de 2013. Uma diferença fundamental: enquanto o governo brasileiro investirá cerca de R$ 14 milhões, o português contará apenas com patrocinadores privados.O Ano de Portugal no Brasil e o do Brasil em Portugal são concomitantes e compreendem as datas nacionais dos dois países. Foram firmados em 2010, quando Portugal já estava com as contas no negativo. "A crise abre oportunidades. Vamos trazer pequenas e médias empresas para o Brasil, que é uma potência. O governo entra só com o apoio institucional", disse o comissário-geral português, Miguel Horta e Costa, ao divulgar atrações como a vinda de chefs de cozinha portugueses, shows da cantora Mariza, exposições contemporâneas (Vasco Araújo, Rui Chafes) e publicação de dez novos nomes de sua literatura aqui."É claro que a crise atrapalha. A situação deles piorou, então é um novo desafio, que exige criatividade para mostrar que a produção artística e cultural pode ajudar num momento desses", ponderou o presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Antonio Grassi, comissário brasileiro. O Brasil poderá vir a ajudar produções portuguesas a viajar por nosso país, dadas suas dimensões, mas não irá patrociná-las. Já as despesas dos artistas brasileiros serão inteiramente custeadas, pelo governo ou empresas, que podem se utilizar da Lei Rouanet, de incentivo fiscal. Os ingressos deverão ser baratos.A divulgação foi no Consulado Geral de Portugal e contou com a presença de artistas cuja viagem já está acertada: Bibi Ferreira, representantes dos espetáculos teatrais "Sassaricando" e "O Filho Eterno", a coreógrafa Deborah Colker, entre outros. Na área de música, o Brasil levará cerca de 200 atrações, entre jovens cantores e medalhões como Martinho da Vila, Milton Nascimento e Ney Matogrosso, além de cantores-símbolo de diferentes regiões.Projetos podem ser enviados para a Funarte até o ano que vem. Ao menos pelo que foi apresentado nesta terça-feira, a programação brasileira deverá ser mais extensa e variada, e ocupará instituições e praças de Lisboa e mais cinco cidades. A intenção é incrementar o intercâmbio dos dois países "para além da história e da língua". O filme promocional lusitano vende o país como "jovem, moderno e inovador", e que tem como desafio "internacionalizar sua economia".