Mais da metade dos brasileiros acreditam que criminalidade aumentou no último ano, diz pesquisa

Levantamento do Datafolha ouviu 3.054 pessoas de 172 municípios entre 1 e 3 de abril; percepção de violência é pior entre mulheres e moradores de capitais e regiões metropolitanas

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Por Redação
Atualização:

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha mostra que 58% dos brasileiros consideram que houve aumento da criminalidade nas suas cidades nos últimos doze meses. Os dados foram divulgados neste sábado, 12.

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Conforme o levantamento, a avaliação de piora é predominante entre homens, mulheres, jovens, idosos e pessoas de diferentes faixas de renda e opções partidárias. Nos últimos anos, especialistas têm afirmado que o aumento do poder das facções criminosas e a escalada de roubos de celulares agravam a percepção de insegurança entre os cidadãos.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirma que o Estado tem a menor taxa de homicídios do aís e está reduzindo sistematicamente os casos de roubos em todo território paulista. Diz ainda que a atual gestão tem reforçado o patrulhamento ostensivo e ampliado as ações de inteligência, contratando mais de 9,1 mil policiais desde o início do governo (leia o posicionamento completo abaixo).

“Nos dois primeiros meses do ano, o Estado registrou o menor número de roubos em geral para o período em toda a série histórica — uma redução de 11,4% em relação a 2024. Também houve queda nos casos de latrocínio e nos roubos de carga no mesmo bimestre”, afirma a SSP, em nota.

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A pesquisa, realizada entre 1 e 3 de abril deste ano, ouviu a opinião de 3.054 pessoas acima de 16 anos de 172 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Ainda conforme o levantamento do Instituto Datafolha, 25% dos entrevistados avaliam que não houve alterações no cenário de criminalidade. Já a minoria, 15%, acredita que os crimes caíram.

Placas na região do Ibirapuera avisam sobre risco de assaltos; polícia diz ter intensificado ações de combate a roubos Foto: Taba Benedicto/ Estadão

A percepção de piora é maior entre mulheres, moradores de capitais e regiões metropolitanas e da região Sudeste.

Nas capitais e regiões metropolitanas, 66% dos moradores destacam o avanço da criminalidade. Já nas cidades do interior, 51% destacam que o problema aumentou.

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Entre os homens, 52% acreditam que houve aumento na criminalidade, enquanto 19% percebem uma diminuição. Já entre as mulheres, 62% dizem que houve alta e apenas 12% falam em queda.

Entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos, 64% responderam que a criminalidade aumentou e só 12% disseram que diminuiu. A margem de erro nesse segmento, segundo Instituto Datafolha, é de oito pontos percentuais.

Para aqueles que ganham menos de dois salários mínimos, o relato de piora é de 59%. Nesse estrato socioeconômico, 16% responderam ter observado redução no problema. Aqui, a margem de erro é de três pontos.

Entre os que têm renda entre cinco e dez salários mínimos, metade avalia que a criminalidade piorou, 31% entendem que permanece igual e 16% relatam melhora. A margem de erro é de cinco pontos.

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Questionados sobre a segurança nos bairros onde moram, 44% dos entrevistados disseram que a criminalidade aumentou na sua vizinhança. Para 38%, a situação permanece da mesma forma. Já 19% deles afirmaram que o problema reduziu.

Roubo de celular atinge várias camadas sociais

A percepção da insegurança, segundo especialistas tem mostrado nos últimos anos, é agravada pela escalada de roubos de celulares. Os telefones se tornaram alvos preferenciais dos ladrões, uma vez que se transformaram em espécies de pequenas agências bancárias. Com o aparelho, é possível fazer transferências de dinheiro por meio do Pix ou de aplicativos bancários, o que potencializa o lucro dos bandidos.

E diferentemente de homicídios, que são mais comuns nas periferias, roubos e furtos também se multiplicam em bairros ricos e de classe média, o que deixa um número maior de cidadãos assustados.

Em São Paulo, nos últimos meses, houve uma escalada de crimes violentos - incluindo latrocínios - em bairros de alto padrão, como Pinheiros. A Secretaria da Segurança Pública tem afirmado que está reforçando o efetivo policial, reorientando o patrulhamento conforme as taxas de crimes e aumentando os recursos para a investigação.

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Investigações também têm apontado, nos últimos anos, o crescente poder das facções, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Além do tráfico internacional de drogas, esses grupos têm se infiltrado em contratos do poder público, em mercados legais - como o de combustíveis e bebidas. Fintechs, bitcoins e até igrejas têm sido usadas para lavar dinheiro.

Veja o posicionamento completo da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo:

São Paulo é o estado com a menor taxa de homicídios do país e está reduzindo sistematicamente os casos de roubos em todo território paulista.

Nos dois primeiros meses do ano, o estado registrou o menor número de roubos em geral para o período em toda a série histórica — uma redução de 11,4% em relação a 2024. Também houve queda nos casos de latrocínio e nos roubos de carga no mesmo bimestre.

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A atual gestão tem reforçado o patrulhamento ostensivo e ampliado as ações de inteligência. Desde o início do governo, mais de 9,1 mil policiais foram contratados, e outros 5,1 mil já estão em formação. Em 2024, a Polícia Civil de São Paulo registrou a maior formação de profissionais de sua história. Além disso, quase 9 mil vagas estão previstas em concursos em andamento para as três forças policiais, com outras 206 já autorizadas.

Como resultado, mais de 426 mil criminosos foram presos desde 2023 — uma média de 546 prisões por dia. Ao todo, foram apreendidas 512 toneladas de drogas, gerando um prejuízo estimado de R$ 2,3 bilhões ao crime organizado.

As polícias também vêm atuando de forma contínua no combate a roubos, furtos e à receptação de celulares. Em 2024, houve uma redução de 9% nos casos registrados na capital em comparação com 2023. Em fevereiro deste ano, a tendência de queda se manteve, com retração de 10%.

Quase 11 mil celulares foram apreendidos durante mais uma fase da Operação Big Mobile, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo contra receptadores, no mês passado. Na ação, 69 pessoas foram presas.

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Além disso, a Secretaria de Segurança Pública investiu mais de R$ 600 milhões em equipamentos para as forças policiais, com a entrega de 16,5 mil armas, 1,8 mil viaturas, 20,8 mil coletes e um novo helicóptero Águia, que atende a todo o estado.

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