Caças e carro-bomba atingem Damasco no último dia de 'trégua'

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Por KHALED YACOUB OWEIS
2 min de leitura

Jatos sírios bombardearam subúrbios de Damasco e um carro-bomba matou 10 pessoas na capital nesta segunda-feira, o último dia de uma trégua de quatro dias que o chefe da ONU, Ban Ki-moon, reconheceu ter falhado. Cada lado culpa o outro por violações ao cessar-fogo durante o feriado islâmico Eid al-Adha organizado pelo enviado internacional Lakhdar Brahimi, que, no entanto, prometeu prosseguir com seus esforços de paz. "Estou profundamente desapontado que as partes não tenham respeitado o chamado para suspender os combates", disse Ban em Seul, onde estava para receber o Prêmio da Paz de Seul. "Esta crise não pode ser resolvida com mais armas e derramamento de sangue... as armas devem ficar em silêncio", acrescentou. Brahimi, após reunião com o chanceler russo, Sergei Lavrov, em Moscou, expressou pesar que o cessar-fogo não tenha funcionado melhor. Perguntado se soldados da ONU poderiam ser enviados para a Síria, ele disse que não há planos imediatos para isso. Embora o governo do presidente Bashar al-Assad e diversos grupos rebeldes tenham aceitado o plano para interromper os combates durante o feriado religioso muçulmano, o cessar-fogo não conseguiu conter o derramamento de sangue, em um conflito de 19 meses que já custou pelo menos 32.000 vidas. De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização de ativistas da oposição, 420 pessoas foram mortas desde sexta-feira. Moradores de Damasco relataram ataques aéreos pesados ??sobre os subúrbios de Qaboun, Zamalka e Irbin durante a noite e nesta segunda-feira, que eles disseram que foram os mais violentos desde que caças e helicópteros bombardearam as primeiras posições pró-oposição em partes do capital da Síria, em agosto. A televisão estatal síria disse que mulheres e crianças estavam entre os mortos em consequência de um "carro-bomba terrorista" perto de uma padaria em Jaramana, no sudeste de Damasco. Moradores de Damasco dizem que o bairro é controlado por leais a Assad. A imprensa estatal disse que opositores armados a Assad quebraram a trégua durante todo o Eid. "Pelo quarto dia consecutivo, os grupos armados terroristas em Deir al-Zor continuaram a violar a declaração sobre a suspensão das operações militares que as forças armadas se comprometeram", disse a imprensa estatal, acrescentando depois que os rebeldes atacaram as forças do governo em Aleppo e na cidade central de Homs. Os ataques aéreos em Damasco aconteceram após o que os moradores disseram ter sido tentativas fracassadas das tropas do governo de tomar a parte leste da cidade. "Os tanques estão posicionados em torno de Harat al-Shwam, mas não estão conseguindo entrar. Eles tentaram há uma semana", disse um ativista que vive perto da área e que pediu para não ser identificado. Brahimi, que visitará Pequim depois de Moscou, disse que a nova onda de violência na Síria não o desanimou. "Nós pensamos que esta guerra civil tem que terminar... e a nova Síria tem que ser construída por todos os seus filhos", disse ele. "O apoio da Rússia e de outros membros do Conselho de Segurança (da ONU) é indispensável." Rússia e China vetaram três projetos de resolução apoiados pelo Ocidente na ONU condenando o governo de Assad pela violência. Pequim tem se esforçado para mostrar que não toma partido na Síria e pediu que o governo sírio converse com a oposição e tome medidas para atender às demandas por uma mudança política. (Reportagem adicional de Oliver Holmes em Beirute e Michael Martina em Pequim)

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