Dezenas de milhares de pessoas lotaram a capital do Camboja para presenciar a procissão, nesta quarta-feira, do corpo do ex-rei Norodom Sihanouk, uma figura reverenciada cujo governo passou pelo triunfo da independência e a tragédia de uma brutal guerra civil. Pessoas em luto vestidas de branco lotaram o trajeto de 10 quilômetros para saudar o retorno de Sihanouk, um ex-monarca extravagante que morreu aos 89 anos de insuficiência cardíaca na segunda-feira em Pequim, sua residência desde que abdicou do poder oito anos atrás. O comparecimento em massa era uma indicação do respeito inabalável de um patriarca cujas maquinações políticas desempenharam um papel importante na passagem do Camboja de libertação do colonialismo francês para os horrores da revolução dos "campos da morte" do Khmer Vermelho. "Eu sinto muito, eu quero vê-lo pela última vez", disse Mon Met, de 48 anos, que esperou no Palácio Real pela chegada do corpo. "Eu só me lembro dele como a pessoa que trouxe felicidade para o país. Agora estou com medo do que vai acontecer." Milhares se reuníram desde a madrugada sob guarda-chuvas para escapar do sol, outros apareceram em caminhões, carregando imagens do monarca, cuja combinação de discursos populares e regime autoritário manteve o Camboja unido em seu auge, nos anos 1950 a 1960. O corpo de Sihanouk foi escoltado de Pequim por seu filho, o rei Norodom Sihamoni, e pelo primeiro-ministro, Hun Sen, o "homem forte" da política do Camboja, cujos 27 anos no poder nunca seriam equiparados por Sihanouk depois de tomar o trono pela segunda vez em 1993, na sequência de uma transição para a democracia intermediada pela ONU.
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