O primeiro-ministro britânico, David Cameron, rejeitou nesta sexta-feira as sugestões de seus parceiros da União Europeia de que a Grã-Bretanha estava lentamente dando adeus à Europa, mas disse que queria um "novo acordo" com a UE, incluindo poder opinar mais na gestão do bloco. Falando no final de uma cúpula de dois dias, durante a qual o ministro de Assuntos Europeus da Finlândia, Alexander Stubb, disse à Reuters que tinha a sensação de que a Grã-Bretanha estava lentamente dizendo "tchau" para a União Europeia, Cameron afirmou que só queria uma relação diferente com o continente. "Estou feliz com o status quo na Europa? Não, não estou. Eu acho que há mudanças que precisamos", disse ele em entrevista coletiva. "Há oportunidades de abertura para o que eu disse que deveria ser um novo acordo entre a Grã-Bretanha e a Europa e haverá oportunidades para procurar esse novo acordo." Perguntado se ele estava interessado em sair da UE, que a Grã-Bretanha ingressou em 1973, Cameron disse que não. Mas ele afirmou que a dinâmica com Bruxelas precisava mudar. De particular preocupação para a Grã-Bretanha são os planos da UE de criação de um sindicato bancário da zona do euro, o que poderia ter implicações para a vasta indústria de serviços financeiros de Londres e propostas para um orçamento único entre os 17 países da zona do euro. Existem também planos acelerados para um imposto sobre transações financeiras entre os 11 Estados-membros da zona do euro, que poderia ter um impacto direto na Grã-Bretanha. "O orçamento europeu e essa ideia de que a zona do euro pode precisar ter um orçamento separado, que está agora em cima da mesa -essa é uma grande mudança, esse é um novo acordo", disse ele. "A coisa certa para a Grã-Bretanha fazer é dizer o que é de nosso interesse nacional." BOM PARA A GRÃ-BRETANHA No próximo mês, a UE se reúne para mais uma cúpula para negociar seu próximo orçamento de sete anos, um pacote financeiro que vale cerca de 1 trilhão de euros (1,2 trilhão de dólares). Cameron está determinado que a Grã-Bretanha, um contribuinte do fundo da UE, não deve pagar um centavo a mais do que deve, enquanto mantém o desconto que recebe. O primeiro-ministro, que deixou a Grã-Bretanha de fora de um acordo entre 25 dos 27 países da UE sobre regras fiscais no ano passado, disse que queria chegar a um acordo sobre o orçamento plurianual, mas não estava preparado para fazê-lo a qualquer custo. "O público britânico espera uma abordagem mais dura, uma abordagem rigorosa e isso é exatamente o que eles vão conseguir, e se não conseguirmos chegar a um acordo, não há sentido em fazer um acordo que é um mau negócio. Se não houver um acordo que é bom para a Grã-Bretanha, se não houver um acordo que está disponível, então não haverá um acordo", declarou ele. Na quinta-feira, o ministro finlandês Alexander Stubb afirmou à Reuters que achava "que a Grã-Bretanha está neste momento, voluntariamente, por sua própria vontade, saindo pela tangente", acrescentando que notava isso na política externa e na política econômica.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Brasil
Veja mais em brasil