Capitalização da Petrobrás vai servir para financiar fornecedores

Estatal, que receberá recursos para desenvolver projetos no pré-sal, já estuda modelos de operação com alguns bancos

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A Petrobrás vai oferecer a seus fornecedores financiamento com os recursos que obtiver com a capitalização que está sendo preparada para desenvolver projetos no pré-sal. O diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Almir Barbassa, disse que a estatal já estuda modelos de operação com alguns bancos. Os financiamentos poderão ser adotados não somente para atender diretamente aos fornecedores ligados à estatal, mas também os de terceira ou quarta ponta. "Nosso objetivo é que toda a cadeia tenha condições de crescer junto com a Petrobrás", disse o executivo, destacando que aqueles que tiverem contratos de longo prazo com a companhia serão os principais beneficiados. "Quanto maior o prazo do contrato, maior o valor a ser financiado e melhores as condições."Barbassa prevê que o processo de cessão onerosa dos 5 bilhões de barris de petróleo da União para a empresa e a capitalização sejam concluídos no primeiro semestre de 2010. Depois disso, a Petrobrás poderá oferecer o financiamento.A Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda vai definir as áreas de onde sairão as reservas a serem anexadas à carteira da estatal. Para adquiri-las, a Petrobrás vai lançar ações e elevar seu valor no mercado de capitais. O anúncio da nova linha de financiamento reforça a posição da empresa para explicar a analistas do mercado financeiro o processo de capitalização. Na última sexta-feira, a Petrobrás divulgou extensa nota sobre o assunto.Passados dois meses da apresentação do novo marco regulatório do setor de petróleo, o mercado ainda demonstra preocupação quanto à possibilidade de diluição da participação dos acionistas minoritários depois da capitalização.O conselho de administração da companhia aprovou aceitar títulos da dívida pública mobiliária federal para a integralização de ações pelos minoritários. Na semana passada, durante reunião da Apimec, em São Paulo, executivos da empresa foram questionados sobre possíveis danos aos acionistas.Um dos pontos abordados foi o fato de os minoritários serem excluídos da operação de revisão do preço dos barris de petróleo a serem cedidos pela União, que servirão de base para a definição do valor da capitalização.O argumento da estatal para a exclusão é o de que a cessão onerosa assemelha-se a uma transação comercial, o que tornaria desnecessária a participação dos minoritários.Barbassa disse que os minoritários estarão representados num comitê que vai acompanhar a cessão onerosa. Já sobre a linha de financiamento aos fornecedores, ele negou que a companhia vá agir como um banco ou que tenha interesse nessa área. "Vamos emprestar os recursos, mas a operação toda vai correr por meio das instituições financeiras com experiência neste tipo de ação."Segundo o executivo, os modelos testados com os bancos estão recebendo "últimos ajustes". O diretor destacou ainda que estes financiamentos não deverão afetar o balanço financeiro da companhia, já que só serão contabilizados como dívida pelas agências de ratings."Como isso vai aparece como dívida, é bom que o valor da companhia seja maior, para permitir maior alavancagem." Ele acredita que isso será mais um estímulo à indústria nacional, que se somará à exigência de conteúdo local nas encomendas da companhia, adotado desde 2003. Paralelo a esses incentivos, a Petrobrás tenta atrair novos investidores na cadeia de petróleo.Barbassa informou que viajará à China no primeiro trimestre de 2010, junto com outros diretores, para apresentar o plano de investimentos, a exemplo do que foi feito com a indústria naval, na Coreia do Sul e Cingapura, em 2008.

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