Cariocas terão cartão para acompanhar evolução da dengue

Secretário Côrtes pede que, apesar da demora no atendimento, pacientes aguardem pelo diagnóstico

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Por Clarissa Thomé, Talita Figueiredo e de O Estado de S. Paulo
3 min de leitura

Os pacientes da rede pública do Rio receberão um Cartão Dengue para acompanhamento da evolução da doença. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 24, pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O documento terá informações sobre sintomas, diagnóstico, tratamento e resultados de exame.   Veja também:  Especial - A ameaça da dengue Ministério vai contratar 660 para enfrentar dengue no Rio Temporão critica 'saúde precária' da Prefeitura do Rio Para infectologista, SP corre risco de epidemia de dengue Para governo, dengue cresce no Rio por falta de agentes Dengue atinge status de epidemia no Rio   O cartão é necessário porque muitas vezes o paciente busca atendimento em diferentes unidades - postos de saúde e hospitais - e muitas vezes o médico não sabe a que procedimentos o doente foi submetido. "Vamos solicitar ainda que a rede particular também adote o cartão, porque muitas vezes o paciente também procura atendimento nas clínicas particulares e nos hospitais públicos", afirmou Temporão.   O ministro anunciou ainda a contratação em caráter emergencial de 660 profissionais de saúde, entre clínicos, pediatras, enfermeiros e técnicos de enfermagem e abertura de mais 119 leitos nos hospitais da rede federal. E disse que 300 agentes estão sendo treinados para atuar com máquinas portáteis de fumacê.   Temporão também pediu o reforço das Forças Armadas para aumentar os pontos de atendimento à população. O ministro evitou usar o termo "hospital de campanha", mas a idéia é montar tendas onde a população possa receber atendimento médico, fazer exames laboratoriais e receber hidratação.   Estes pontos podem ficar próximos a hospitais ou em bairros com maior incidência da doença. Ele ainda espera uma resposta do Ministério da Defesa sobre a abertura desses postos e sobre o efetivo que reforçará o atendimento ambulatorial. "A população não pode esperar tanto por atendimento. É preciso descentralizar", defendeu o ministro, que negou uma nova intervenção no sistema de saúde do município do Rio, como ocorreu em 2005.   Demora no atendimento   O secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, reconheceu nesta segunda-feira, 24, que o atendimento dos pacientes com suspeita de dengue tem demorado além do aceitável, mas fez um apelo para que as pessoas aguardem. "Eu sei que em alguns casos a espera chega a quatro, seis horas. Mas apesar da demora, aguarde. O paciente tem que ser atendido para que tenhamos condições de identificar as complicações da dengue e impedir novos óbitos", afirmou o secretário, ao fim da primeira reunião do gabinete de crise.   O secretário anunciou que todos os médicos que atuam em cargos burocráticos nos hospitais do Estado serão remanejados para as emergências, a fim de agilizar o atendimento. Ainda de acordo com Côrtes, serão abertas cinco tendas de hidratação, para onde serão encaminhados pacientes com dengue que estejam com as plaquetas do sangue muito baixas - sinal da forma hemorrágica da doença. A primeira do gênero foi inaugurada nesta segunda-feira, 24, em Jacarepaguá. Para ser atendido na tenda é preciso que o paciente tenha sido encaminhado por um dos hospitais da rede.   Programa Saúde da Família   O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, disse que é preciso rever o Programa de Saúde da Família. "O PSF não vale para o Rio. Não há como cobrar cobertura de 80% do município, se não é necessário postos em Ipanema e Leblon, por exemplo, mas sim em áreas com baixo IDH", defendeu. O secretário disse que o Rio tem 213 postos do PSF, mas 63 deles não têm médicos porque os salários são baixos.   Como o prefeito Cesar Maia, Kligerman não reconhece a epidemia, mas seu tom é alarmista. "Sozinho o município não dá conta. A população tem que fazer brigadas nos quarteirões para combater o mosquito."   Dos mais de 32 mil casos de dengue no Estado (os dados são atualizados às quartas-feiras), 24.772 foram registrados no município do Rio, onde houve 30 mortos. Em todo o Estado são 47. Em instituições municipais há 250 pessoas internadas por dengue - 167 delas são crianças e adolescentes.   Matéria alterada às 20h10 para acréscimo de informações

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