Carta psicografada gera polêmica na Justiça gaúcha

Carta supostamente ditada pelo morto fez com que ré fosse inocentada

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Por Agencia Estado
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Uma carta psicografada utilizada em um Júri no município de Viamão, Região Metropolitana de Porto Alegre, gerou grande polêmica na Justiça gaúcha. A discussão foi motivada pela decisão da 1ª Vara do Júri que absolveu uma mulher suspeita de mandar matar o tabelião Ercy da Silva Cardoso. Para buscar a absolvição de Iara Marques Barcelos, 63 anos, o advogado de defesa, Lúcio de Constantino, usou, entre outros argumentos, uma carta supostamente ditada pelo morto em um centro espírita da Capital. Iara era acusada de ser mandante da morte do tabelião, executado com dois tiros na cabeça no dia 1º de julho de 2003. Na época, o caseiro da vítima, Leandro Rocha Almeida, disse que teria sido contratado por Iara para dar um "susto" em Ercy, com quem ela teria um relacionamento. Almeida e Iara foram acusados como responsável e mandante do crime, respectivamente. Depois de dar quatro depoimentos em que acusava Iara como mandante do crime, Almeida, durante o seu julgamento, em julho do ano passado, negou que tanto ele quanto Iara tivessem envolvimento com a morte de Ercy. Ele acabou condenado a 15 anos e seis meses de reclusão. Na última sexta-feira, o advogado de defesa Lúcio de Constantino apresentou no Tribunal uma carta que, supostamente, teria sido psicografada pelo morto. O texto não afirmava que Iara era inocente, mas dizia que Ercy "orava diariamente" por Iara e que esperava pela "verdade". No final do julgamento os jurados absolveram a acusada por cinco votos contra dois. Para a promotora Luciane Feiten Wingert, que pleiteava a condenação de Iara, a carta psicografada por Jorge José Santa Maria, da Sociedade Beneficente Espírita Amor e Luz, em Porto Alegre, não teve maior importância. "Não acredito que esta carta tenha sido determinante para a absolvição da ré. Acho que pesou mais foi a declaração do caseiro, que no último depoimento negou a participação de ambos no crime, suscitando dúvida nos jurados", opinou Luciane. "Na minha opinião foi o ponto de desequilíbrio no julgamento. Na saída do Júri, várias pessoas comentaram comigo sobre a carta. Não sou espírita, mas estudei espiritismo para este júri", assegurou Constantino. Conforme a juíza da 1ª Vara do Júri Jaqueline Höfler, o documento foi anexado em tempo legal e a parte contrária não pediu impugnação.

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