A inadimplência das operações de crédito no cartão é, de longe, a mais alta de todo o sistema financeiro brasileiro. Em julho, 28,3% das transações com juro feitas com o dinheiro de plástico, como o crédito rotativo e parcelamento, tinham atraso de pagamento superior a 90 dias, conforme dados do Banco Central.Isso quer dizer que as instituições financeiras amargavam calote equivalente a R$ 7,5 bilhões. A taxa de inadimplência é praticamente a mesma do recorde de junho, quando o número era de 28,4%.Não há nada semelhante ao calote nos cartões. A taxa é quase o dobro do verificado no financiamento de loja, com atraso de 15,2%, e bem superior à do cheque especial, de 11,3%.O elevado calote é, também, um dos principais argumentos das instituições financeiras para o altíssimo juro cobrado nesse tipo de transação.Para os bancos que administram os cartões de crédito, a lógica é simples: como há muita inadimplência, é preciso cobrar taxas de juros mais altas de quem paga para cobrir o prejuízo causado pelos que não pagam.A analista da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, crê que os próximos meses devem ter queda da inadimplência. "Os atrasos tendem a cair porque o mercado de trabalho está retomando a criação de empregos, os novos financiamentos têm prazos maiores e há queda do juro nas outras linhas de crédito", avalia Mariana.O levantamento do BC também mostra que quem recorre ao crédito rotativo e ao parcelamento com juros no cartão de crédito fica, na média, pendurado por longos 62 dias.O prazo gasto para que o cliente saia do rotativo cresceu rapidamente nos últimos meses e está no nível mais alto em oito anos, desde agosto de 2001. Em abril, estava em 54 dias e em dezembro de 2008, em 32 dias.
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