Lidiane do Nascimento e o marido, Givanildo dos Santos Castro, eram os responsáveis pelo aliciamento de crianças, incluindo a filha de 6 anos, para a rede de pedofilia e tráfico que agia em Roraima. O casal agia dentro de casa e próximo de escolas públicas dos bairros pobres de Boa Vista. Usavam celulares para negociar as meninas com os clientes e marcar os encontros, além de disponibilizar a droga. Os pagamentos, que não foram quantificados pela polícia, eram repassados a Lidiane, que comprava presentes para as garotas. O major da PM Raimundo Ferreira Gomes também agenciava o serviço, segundo os agentes federais da Operação Arcanjo. Quando era tenente, ele foi condenado a 30 anos por atentado violento ao pudor e corrupção de menores, em Caracaraí, a 155 km de Boa Vista. Ele conseguiu reduzir a pena para 25 anos e recorre em liberdade da decisão. Enquanto esperava por nova sentença, foi promovido a major. As imagens e conversas gravadas por escutas autorizadas pelo juiz da 2ª Vara Criminal Jarbas Lacerda de Miranda chocaram os policiais. "Nos diálogos interceptados fica registrada a dissimulação utilizada por aliciadores e clientes para retirar crianças e adolescentes da casa de seus pais, a fim de submetê-las a abusos sexuais. Há ainda a ida dos aliciadores até as escolas para buscar meninas para programas", disse o superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca. Os promotores José Rocha Neto e Luís Antônio, que acompanham o caso, vão ouvir as crianças e os pais no Conselho Tutelar. Eles querem proteção para as vítimas e, se for necessário, pedirão que sejam retiradas de Roraima durante as investigações. Os oito acusados tiveram a prisão preventiva autorizada pelo juiz Jarbas Lacerda e depois de ouvidos serão encaminhados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Por ser advogado, o procurador-geral do Estado, Luciano Queiroz, terá direito à prisão especial e o major Gomes ficará sob a custódia da PM.
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