A proverbial actividade multiforme do imperador Guilherme não podia deixar de se estender também até o theatro. Todos os imperadores e reis mais ou menos têm tido accentuada tendência para o theatro, que com isso luora immenso.
Demais tratando-se do actual imperador allemão, há ainda o atavismo pois entre os Honenzolern a paixão pelo theatro é hereditária todos os predecessores de Guilherme II no throno da Prussia foram mais ou menos "affolés" de theatro, alguns limitando o seu enthusiasmo a um culto platônico das Musas, outros indo mais longe.O grande Frederico, por exemplo, ficou escravo de uma bella actriz e 'dansarina italiana- a Barberini- o que é provado pelos seis frescos da "sala barberini", em Sans-Souci; e o rei Frederico-Guilherme II, por ser assíduo freqüentador dos bastidores dos theatros, provocava frequentemente ásperas censuras de Bismark, que via com maus olhos essa fraqueza de seu soberano. Era porém isto um simples capricho de velho: Frederico Guilherme todos os dias fazia em carruagem o trajecto de Potsdam ao theatro real de Berlim, para assistir aos ensaios dos artistas e "para dar beliscões nas bellas actrizes"...(...)
O collaborador da "Fortnightly Review", depois de mostrar que , em musica, de enthusiasta wagneriano que era Guilherme II vae agora propendendo para os compositores italianos como Puccini e até para os francezes, diz que muito têm lucrado os os allemães com esse gosto de seu soberano pelo theatro. Porque, embora elle não houvesse accressdo nada ao patrimônio artístico do seu povo, em todo caso contribuiu muitíssimo para manter a scena impenetrável a certas peças immoraes e subversivas, e , o que mais é, soube reforçar nas massas o ideal de patriotismo e o sentimento de lealdade e de dever. (pág.3/ col.5)