Ao desembarcar na base aérea de Recife, onde se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder venezuelano, Hugo Chávez, defendeu a criação de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul para a defesa da região. "O plano de Bolívar era esse, uma aliança não só política e econômica, mas militar também, para assegurar a nossa independência nesse mundo de neo-imperalismo e guerras preventivas", disse Chávez, nesta quarta-feira. "Porque não criamos a Otas, como existe a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)", acrescentou o presidente venezuelano. Chávez lembrou os 14 anos de sua saída da prisão após uma frustada tentativa de golpe de Estado que ele classificou como um levante contra o Consenso de Washington e o neo-liberalismo. "Eu era um galho solitário, agora somos vários galhos. Estamos ganhando a batalha", disse Chávez aludindo à integração do continente. Segundo o presidente venezuelano, está em marcha um novo pensamento na América Latina. Ele elogiou a recente resposta do ministro da defesa do Brasil, Nelson Jobim, ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. "Creio que lhe perguntaram o que Washington podia fazer na formação desse conselho de defesa, e ele respondeu: 'nada, porque quem está fazendo é a América do Sul'." MERCOSUL No encontro que terá no fim da tarde com o presidente Lula, Chávez falou que irá tratar de temas de conjuntura, como o recente conflito entre Colômbia e Equador, e o Mercosul. Chávez acrescentou que a Venezuela já se sente parte integrante "de corpo e alma" ao Mercosul. Sem mencionar a não aprovação pelo Congresso brasileiro da entrada da Venezuela no bloco sul-americano, Chávez fez uma defesa veemente dessa integração. "(A Venezuela) se integra a essa dinâmica para formar na nossa grande América do Sul um pólo de força, um pólo de poder mundial, para alcançar o equilíbrio em um mundo pluripolar", destacou o presidente venezuelano. REFINARIA Indagado se o acordo sobre a refinaria Abreu e Lima na região do porto de Suape, em Pernambuco, seria finalmente assinado neste encontro com Lula, Chávez mostrou-se otimista. "Trouxemos tudo pronto, vamos sentar para discutir várias questões, entre elas a refinaria, um projeto de 4 bilhões de dólares no qual Venezuela está disposta a participar." A refinaria, parceria da Petrobras com a estatal venezuelana de petróleo PDVSA, deve começar a operar em 2011 e vai processar até 200 mil barris diários de petróleo pesado.
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