O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, têm um "projeto político" respeitável e pediu que o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, governos do continente e a União Européia retirem a guerrilha da lista dos grupos considerados terroristas. Falando um dia depois da libertação das reféns Clara Rojas e Consuelo González pelo grupo guerrilheiro, Chavéz disse que "as Farc e o ELN (Exército de Libertação Nacional) não são grupos terroristas. São verdadeiros exércitos, que ocupam espaços na Colômbia". "Há que se dar o reconhecimento (...). São forças insurgentes que têm um projeto político, bolivariano, que aqui é respeitado", afirmou Chávez, durante uma sessão extraordinária realizada na Assembléia Nacional, transmitida em cadeia nacional. O presidente venezuelano argumentou que a qualificação das Farc como grupo terrorista se deve a pressões do governo dos Estados Unidos. Os Estados Unidos enviam ajuda financeira à Colômbia para o combate do "terrorismo das guerrilhas" e o narcotráfico no país. Colômbia O governo da Colômbia qualificou imediatamente como "insólito" o pedido de Chávez. "É uma solicitação totalmente insólita e desproporcionada", respondeu o ministro colombiano de Interior, Carlos Holguín, em entrevista a rádio colombiana Caracol. "O governo não pode admitir uma solicitação desta natureza". O ministro disse que a categoria de "terroristas" acaba sendo definida pelos próprios grupos guerrilheiros a partir das ações realizadas pelos rebeldes. Aproximação O presidente venezuelano, que coordenou a operação de resgate nesta quinta-feira que resultou na libertação de Clara Rojas e Consuelo González de Perdomo, mantidas como reféns pelas Farc havia seis anos, mantém as relações diplomáticas com a Colômbia "congeladas" desde dezembro. O "congelamento" veio quando Uribe decidiu por um fim ao papel de mediador, concedido a Chavez, por um acordo humanitário entre as Farc e o governo colombiano. No seu discurso nesta sexta-feira, Chávez sinalizou estar disposto a um a reaproximação com Uribe. "Senhor presidente da Colômbia, quero retomar o diálogo, mas em um outro nível(...) peço que considere as Farc e o ELN como forças insurgentes e não como terroristas", disse. "Quem pode pensar em alguma possibilidade de algum acordo de paz se não há contato entre as partes?". Nesta quinta-feira, as Farc emitiram um comunicado pedindo aos governos do mundo que reconhecessem a guerrilha como "uma força beligerante". Chávez disse ter recebido provas de vida de outros reféns que continuam em cativeiro e afirmou que atenderá oo pedido da ex-refém Consuelo González de Perdomo, que ao ser liberada, pediu ao presidente que "não baixasse a guarda". "Eu nao vou baixar a guarda. Para mim é um compromisso. A ressurreição da Colômbia passa pela paz na Colômbia (...) Estamos elaborando novas fórmulas para continuar avançando", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.