O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o rei Juan Carlos, da Espanha, trocaram um forte aperto de mão na sexta-feira, em seu primeiro encontro desde que, na Cúpula Ibero-Americana de novembro, o monarca mandou o líder latino-americano calar a boca. À vontade, Chávez fez piadas e propôs que os dois fossem juntos à praia. O rei da Espanha recebeu-o sorridente às portas do Palácio de Marivent de Maiorca, mostrando que os dois haviam deixado suas desavenças para trás. "E por que não vamos à praia? Isto aqui se parece com o Caribe, parece que estamos em Cuba ou na Jamaica", afirmou Chávez ao rei. De toda forma, Chávez, vestido com um terno escuro e gravata, não chegou a abraçar Juan Carlos como, segundo havia dito antes, gostaria de fazer. As relações entre os dois países pioraram no ano passado quando o rei disse ao presidente venezuelano: "Por que você não se cala?" A frase surgiu depois de Chávez ter interrompido um discurso do primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, durante a Cúpula Ibero-Americana realizada no Chile. O vídeo da alfinetada correu mundo e serviu de inspiração para toques de celular, piadas e camisetas. Chávez voou até Madri após ter conversado com o rei da Espanha. Na capital, reuniu-se e almoçou com Rodríguez Zapatero, falando sobre os vínculos econômicos entre os dois países e a colaboração em áreas como a imigração e a energia. Algumas empresas espanholas, entre as quais os bancos BBVA e Santander, além da petrolífera Repsol-YPF, investiram cerca de 2,4 bilhões de dólares no país sul-americano, rico em petróleo. "Obrigado pelo carinho com que vocês nos receberam", afirmou Chávez em uma entrevista coletiva realizada ao lado de Zapatero, em La Moncloa. (Reportagem adicional de Raquel Castillo)