Chávez sobe o tom e exige desculpas do rei da Espanha

Presidente da Venezuela disse que país irá revisar relação com espanhóis.

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Por Claudia Jardim
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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, subiu nesta quarta-feira o tom em relação à polêmica com o rei da Espanha, Juan Carlos 1º, e disse que o monarca deveria se desculpar por ter pedido que Chávez se cala-se em uma reunião na semana passada. "O rei, que perdeu a cabeça, ao menos deveria oferecer desculpas e dizer ao mundo a verdade (...) foi ele quem me agrediu", afirmou Chávez em uma entrevista realizada por uma televisão local e retransmitida em todo o país. "Ele (o rei) deveria dizer: 'Senhores do mundo, de Ibero-América, eu que sou o rei, eu me confesso, eu me exaltei, eu cometi um erro'", disse. "Peço aos demais governos que não se posicionem contra a Venezuela, nem contra a Espanha." O presidente da Venezuela advertiu também que está submetendo a "profundas revisões" as relações políticas, econômicas e diplomáticas com o governo espanhol e ordenou que todos os contratos com as empresas espanholas sejam revisados. Na terça-feira, Chávez havia afirmado que não pretendia transformar seu atrito com o rei em um conflito diplomático. O incidente ocorreu durante a Cúpula Ibero-Americana no Chile, depois que o líder venezuelano chamou o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar de "fascista". Chávez acusa a Aznar de haver apoiado o golpe de Estado de 2002 contra o seu governo. O atual primeiro-ministro espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, saiu em defesa de Aznar, dizendo que ele havia sido eleito "democraticamente pelo povo e foi um representante legítimo do povo espanhol". Chávez tentou interromper Zapatero diversas vezes e em um episódio sem precedentes, o rei dirigiu-se a Chávez e disse: "Por que não te calas?" Após a Cúpula, os governos de Chile, El Salvador e Peru enviaram declarações de solidariedade ao monarca espanhol. Para Chávez, as expressões de solidariedade são "absurdas". "Eu fui agredido", argumenta. "Isso pode alterar as relações com Chile e El Salvador, e quem é o culpado?, o rei Juan Carlos de Borbón" afirmou. Chávez advertiu que o reestabelecimento de boas relações entre ambos os países não dependerá dele e sim da Espanha, e voltou a dizer que seu país não necessita dos investimentos espanhóis. "Agora o investimento espanhol na Venezuela não nos fará falta para nada. O que aqui se privatizou se poderia recuperar, poderíamos recuperá-lo", advertiu Chávez. Neste ano, uma das medidas do governo para estabelecer o projeto de "socialismo do século 21" foi a nacionalização da telefonia, da bacia petrolífera do Rio Orinoco e da empresa de eletricidade de Caracas. Além da petroleira Repsol-YPF, as empresas espanholas Santander e Telefónica também poderiam ser afetadas se as relações entre os países ficarem mais estremecidas. "Eu vou estar de olho no que (as empresas espanholas) andam fazendo aqui", advertiu Chávez. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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