Zhang Yimou, um dos cineastas mais conhecidos da China, está apostando no galã Christian Bale para aumentar as chances de o país ganhar um Oscar. Seu último filme fala sobre um capítulo trágico da história da nação asiática. "The Flowers of War" (As Flores da Guerra, na tradução livre), o indicado chinês para concorrer ao prêmio de melhor filme em língua estrangeira, fala sobre um agente funerário (Bale) que se envolve no Massacre de Nanjing em 1937 e tem que salvar um grupo de jovens estudantes das guerras dos japoneses. Ele termina se envolvendo com uma cortesã chinesa, encontrando ao mesmo tempo amor e redenção. O filme, que chega aos cinemas chineses na sexta-feira e nos norte-americanos uma semana mais tarde, mostra os eventos que aconteceram há mais de oito décadas de maneira bastante gráfica. Para a plateia chinesa, a quase caricatura dos soldados japoneses - que a certa altura se esforçam para encontrar virgens para estuprar - faz parte do que aprendem na escola sobre um evento que continua a envenenar as relações sino-japonesas. O filme também é repleto de nacionalismo e saturado com o orgulho patriótico típico de como a indústria de filmes chinesa enxerga essa parte sensível da história do país. Bale, no entanto, diz ser injusto ver o filme como se fosse uma propaganda para o governo. "É um pedaço da história. Eu com certeza nunca o vi. Acho que seria uma reação um pouco estúpida. Se alguém vier com essa visão, não acho que esteja olhando o filme de perto o bastante," disse ele a jornalistas. "É muito mais um filme sobre seres humanos e a natureza das respostas de seres humanos à crise, e como isso pode reduzir as pessoas ao comportamento mais animalesco, mas também elevá-las ao comportamento mais nobre que se poderia testemunhar". Segundo a China, tropas invasoras japonesas massacraram 300 mil homens, mulheres e crianças em Nanjing, então conhecido como Nanking. Um tribunal aliado criado depois da Segunda Guerra Mundial estabeleceu que o total de mortos foi de 142 mil. Mas alguns historiadores japoneses dizem que o massacre foi exagerado e alguns conservadores chegam a negar que houve um massacre. As relações sino-japonesas há anos estão há anos ofuscadas pelo o que Pequim diz ser a recusa de Tóquio em admitir as atrocidades cometidas pelos soldados japoneses no país entre 1931 e 1945.