A Cia Hering admitiu nesta quinta-feira que errou ao subestimar o potencial de crescimento da demanda no último trimestre de 2012, principalmente em dezembro, o que levou a empresa a ter vendas abaixo do previsto no período mais importante para o varejo, por conta do desabastecimento das lojas. A divulgação, na noite de quarta-feira, de que as vendas brutas de outubro a dezembro contra um ano antes subiram menos que o esperado por analistas levou a ação da varejista de vestuário a registrar sua pior queda diária desde junho de 2009. "Tivemos difícil aceleração para atender a demanda que se aqueceu... A cadeia de suprimentos não conseguiu atender como esperávamos e o abastecimento aconteceu muito próximo do Natal", disse o presidente-executivo da Cia Hering, Fabio Hering, em teleconferência com analistas, referindo-se a atrasos no suprimento tanto pela produção própria quanto de terceiros. A receita bruta da companhia cresceu 10,7 por cento no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as vendas totais da rede Hering Store subiram 14,8 por cento no período, enquanto no conceito "mesmas lojas" ficaram ligeiramente negativas, em 0,2 por cento. "Não esperávamos um desempenho de vendas tão fraco no quarto trimestre, o que agora confirma nossa visão cautelosa (quanto à ação)", afirmaram analistas do BTG Pactual, em nota. A equipe do BTG projetava alta de 15,5 por cento na receita bruta e de 7 por cento nas vendas no conceito "mesmas lojas". Com resultados abaixo do esperado também pela própria empresa, que estimava crescimento na base "mesmas lojas" de um dígito, o presidente-executivo reconheceu que "foi um erro não preparar a cadeia de suprimento em setembro para atender o crescimento em dezembro". "Não estávamos preparados para uma reação... Houve no trimestre uma desestocagem da rede e não conseguimos atender toda a demanda que houve e no tempo necessário", acrescentou Hering. "Erramos ao não acreditar no potencial de crescimento (da demanda) e levou tempo para reagirmos." Mas, apesar deste cenário, o executivo assinalou que os efeitos vistos no fim de 2012 não serão recorrentes e que a empresa está "muito bem" estruturada para atender o aumento da demanda. "Estamos otimistas com 2013, acabamos de construir um centro de distribuição novo e os últimos showrooms foram animadores", disse. O desempenho no fim do ano também foi prejudicado pela tendência do consumidor de buscar presentes de Natal de valor mais baixo, de cerca de 40 reais, segundo o executivo, o que pressionou o desempenho em mesmas lojas. Além disso, diante da necessidade de acelerar o abastecimento de última hora, Hering afirmou que os custos no quarto trimestre também foram afetados e que a margem bruta do período deve ficar mais pressionada que o esperado. "Por outro lado, a rede de lojas teve um fluxo de clientes extraordinário", ponderou. A ação da varejista liderou as perdas do Ibovespa, índice referencial do mercado acionário brasileiro, com queda de 11,92 por cento, a 38,35 reais. Foi a pior queda diária do papel desde 26 de junho de 2009, quando a ação perdeu 15,36 por cento. O volume de negócios com o papel foi recorde. A Cia Hering divulga os resultados consolidados para o quarto trimestre em 21 de fevereiro.
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