Cidadão-repórter é desafio para o 'novo jornalismo'

Assunto foi discutido durante debate em comemoração aos 70 anos da BBC Brasil.

PUBLICIDADE

Por Da BBC Brasil
2 min de leitura

O surgimento do cidadão-repórter enriquece o material jornalístico e acrescenta novos pontos-de-vista para os meios de comunicação, mas também apresenta desafios para os profissionais de mídia. Essas foram algumas das conclusões dos participantes da discussão que fechou o ciclo de debates realizado nesta semana, em São Paulo, em comemoração aos 70 anos da BBC Brasil. Em um tempo em que, cada vez mais, os leitores, ouvintes e telespectadores querem ter sua voz ouvida e enviam seus próprios vídeos, fotos e reportagens para os meios de comunicação, os jornalistas enfrentam uma série de dilemas diários sobre quando e como usar este material, como comentou a diretora de jornalismo do G1, Márcia Menezes. "Temos que dar atenção e valor àquilo que é enviado por usuários, mas isso também exige um enorme cuidado, já que você leva esse conteúdo para muito mais gente com seu nome e seu aval", disse Menezes. Para o diretor de conteúdo do Terra América Latina, Antonio Prada, o jornalismo online trouxe à tona algo que pareceria impossível alguns anos atrás: um espaço maior para assuntos locais e interesses de nichos. "O usuário não só interage em tempo real, como cria conteúdo", disse Prada. "Ele é também um formador de opinião. Em tempo real." Interatividade As mudanças na maneira como o usuário consome a notícia também vêm provocando inovações constantes por parte da mídia. O diretor do BBC News Interactive, Pete Clifton, contou que, em breve, os usuários vão ter ainda mais influência nas páginas da BBC na internet. "Os nossos sites vão dar mais chances para o internauta moldar sua experiência e personalizar a maneira como eles recebem o conteúdo", disse Clifton. "Também vamos permitir que o usuário fale sobre o que conhece", acrescentou. "Um exemplo disso é que vamos convidar os eleitores a escrever os perfis e os assuntos em questão nas suas regiões na época das eleições." No Brasil, com um mercado cada vez mais competitivo para os portais, cada um usa a arma que tem para atrair o público. A produtora-executiva do MSN Brasil, Andrea Fornes, disse que descobriu que seu maior trunfo está na própria empresa a quem a página pertence, a Microsoft. "Decidimos que a melhor estratégia para o MSN Brasil é associar o conteúdo do site aos nossos softwares, oferecendo uma experiência diferente ao usuário", afirmou Fornes. No site, o internauta pode escolher um vídeo e assisti-lo junto com um amigo, via Messenger, ou usar o programa para receber alertas de notícias, por exemplo. Convergência Os participantes do debate também frisaram que a convergência de mídias - o uso de vídeo, áudio e texto juntos na internet - transformou o perfil dos jornalistas. "Procuramos cada vez mais profissionais que tenham um bom texto, mas que também tenham alguma experiência em rádio ou talvez um interesse em televisão", afirmou Pete Clifton, da BBC. "Vamos trabalhar agora numa redação integrada, em que cada jornalista pode produzir para várias mídias simultaneamente", acrescentou. Para Márcia Menezes, do G1, os fundamentos do bom jornalismo seguem sendo os mesmos: precisão, equilíbrio, credibilidade. Mas é preciso encontrar novas formas de se estruturar as redações e aproveitar melhor os repórteres. "Às vezes, numa cobertura simples como o anúncio da taxa de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária), há um repórter da CBN, um da GloboNews, um da Rede Globo, um do jornal O Globo, um do Extra... Ainda precisamos integrar melhor as nossas operações", disse. Outro desafio do jornalismo para a internet, segundo Márcia Menezes, é descobrir qual é o tamanho certo do texto online para prender a atenção dos internautas. "Não adianta você investir numa apuração maravilhosa e fazer uma reportagem supercompleta se as pessoas não chegarem até o fim", concluiu. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.