Cientistas desvendam a Antártida nas escolas

Estudantes aprendem sobre a vida no continente e o aquecimento global

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Chove na Antártida? Já é possível sentir os efeitos do aquecimento global no continente gelado? Dá para usar o telefone por lá? Essas foram algumas das perguntas que alunos da 6.ª série do ensino fundamental do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, fizeram a cientistas que estão na base brasileira de pesquisa na Antártida, chamada de Comandante Ferraz.

 

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No total, 330 alunos participaram na semana passada de webconferências, via Skype, com pesquisadores de formação diversa, como meteorologia e biologia, além do comandante da estação, o capitão-de-fragata Alexey Daros.

 

Neusa Maria Paes Leme, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e autora do livro Sob o Céu da Antártica (editora Oficina de Textos), fez uma palestra antes da conversa entre alunos e cientistas. Ela mostrou um vídeo sobre como é a viagem dos pesquisadores até a base brasileira, localizada na Ilha Rei George, no Arquipélago Shetlands do Sul.

 

Neusa costuma dar palestras em São Paulo nos colégios Dante, Rio Branco e Santo Américo. Eventualmente também vai a escolas do interior. A conversa ocorre depois que os alunos leem seu livro. A pesquisadora fez a obra para comemorar o Ano Polar 2007-2008 e nela intercala a história de um pinguim-imperador com geografia, clima e os efeitos provocados pelo homem nesse continente, como o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global. A cientista descreve a Antártida como uma região de extremos - "a mais seca, a mais fria, a mais ventosa, a mais distante, a mais desconhecida e a mais preservada do planeta".

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Respostas. Os alunos vibram ao verem os pesquisadores pelo telão durante a webconferência. Organizados, um por vez fazem perguntas. E ouvem atentos as respostas. Sim, chove na Antártida. Na região da base brasileira, os cientistas explicam que chove bastante, pois a temperatura no verão é positiva, entre 1ºC e 2ºC. Se fosse abaixo de zero nevaria.

 

Eles dizem que ainda precisam estudar mais para avaliar o impacto do aquecimento global na região e nas espécies analisadas (há pesquisadores, por exemplo, que se dedicam a apenas um tipo de ave). E falam também que a base conta com comunicação via telefone, fixo e celular.

 

Faz 27 anos que o Brasil pesquisa na Antártida - desde 1984. E em 1985 foi a primeira vez que a pesquisadora Neusa foi para lá - ela estuda a camada de ozônio e a radiação ultravioleta. Apesar de os gases que prejudicam a camada serem emitidos em todo o mundo, é na Antártica que a falha é maior.

 

"A base brasileira era muito diferente em termos de estrutura e do número de participantes. Havia apenas 4 contêineres, hoje são 60. Não tinha biblioteca nem laboratórios individuais", afirma ela. Os contêineres são as edificações existentes na base - módulos metálicos interligados. Há também alguns módulos de madeira.

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Neusa volta regularmente à Antártida para dar continuidade às pesquisas. "A região ainda não está dando sinais do impacto do aquecimento global, mas temos de acompanhar."

 

Ciência. Muitas crianças pensam que cientistas são pessoas estranhas e têm em mente a imagem do físico Albert Einstein. No Dante, a intenção do trabalho é aproximar os alunos da ciência. "Queremos mostrar que é viável fazer pesquisa no Brasil, que o País é reconhecido nessa área e tem um trabalho importante na Antártida", afirma a professora de ciências Miriam Brito Guimarães.

 

A professora Sandra Tonidandel, coordenadora do departamento de ciências da natureza do Dante, ressalta que os alunos ficam enlouquecidos quando veem imagens dos pinguins-imperadores. Esse é um dos poucos animais que passa o inverno na Antártida, pois tem a capacidade de manter constante a a temperatura corporal sem alterar o metabolismo num intervalo grande de temperaturas. "Prezamos muito o encantamento com a natureza, com os animais e queremos mostrar que o brasileiro pode e deve fazer ciência", diz Sandra.

 

CURIOSIDADES

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Dificuldades para pesquisar

 

A tinta da caneta congela e, por isso, os pesquisadores usam lápis. Também é preciso cuidado com a câmera fotográfica: ela pode travar por causa do frio e a lente ficar embaçada. O frio faz a pilha dos equipamentos descarregar rapidamente.

 

Pesquisadores

 

A base brasileira na Antártida recebe entre 30 e 35 cientistas ao mês no verão, que dura 90 dias - no inverno fica muito difícil fazer pesquisas no local por causa do tempo.

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Lixo

 

O lixo orgânico é queimado em um incinerador com filtros antipoluentes. O restante do material (metais, alumínio, papéis, vidros, plásticos e PVC) é compactado, armazenado e retorna ao Brasil. Grande parte é reciclada.

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