Co-piloto de avião que caiu em SP é sepultado

Cerca de 400 pessoas compareceram ao enterro; já o corpo do piloto aguardava para ser cremado

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Por Tatiana Favaro e Simone Menocchi
3 min de leitura

Ao menos 400 pessoas acompanharam nesta segunda-feira, 5, o enterro de Alberto Soares Júnior, co-piloto do avião executivo Learjet que caiu no domingo na zona norte de São Paulo após decolar do Campo de Marte, atingindo ao menos três casas.   Veja também: Movimento no Campo de Marte cresce 30% com a crise aérea Casas atingidas por jato serão demolidas; buscas são retomadas nesta 2ª   Vídeo do local do acidente  Vídeo das casas atingidas pelo jato  Vídeo do resgate no local do acidente  Veja como foi o acidente com o Learjet 35  Galeria de fotos  Todas as notícias sobre o acidente com o Learjet 35  Formado piloto comercial pela Universidade Tuiuti do Paraná, o filho do também piloto Alberto Soares voava havia seis meses, segundo informou a mãe, Roseli Aparecida Piazza Soares. O pai não quis dar entrevista.   Beto, como era conhecido, foi lembrado como um rapaz carismático, alegre e lutador. "Ele tinha vencido um tumor e uma leucemia", disse a professora Rosângela Camolese, que deu aula para Soares Júnior. "E depois de tudo isso ele ainda era um menino alegre, que animava os outros. É uma perda enorme", completou o professor Valter Vitti, de quem o rapaz foi aluno por quatro anos.   Choque Chocados e inconsoláveis, parentes e amigos não acreditavam na morte do rapaz de 24 anos, que planejava casar-se em abril de 2009 com Ana Lúcia de Lima, de 27 anos, pesquisadora da área de alimentos na Universidade Estadual de São Paulo. "Eu já perdi pai e mãe de uma só vez, em um acidente. Mas a perda do Alberto judiou da minha cabeça", disse Vanderley de Lima, pai da namorada do co-piloto. "Não estou acreditando", disse Renan Soares, único irmão de Soares Júnior. Segundo Lima, seu futuro genro havia dormido em sua casa no sábado e saído disposto para trabalhar às 6 horas de domingo. Foi para São Paulo com a namorada e a mãe, que o deixaram no aeroporto do Campo de Marte por volta de 8 horas. "De lá fomos para o apartamento da Ana. Depois fui ao shopping e iríamos para um happy hour no fim da tarde, quando ele parasse de trabalhar", disse a mãe do rapaz. Soares Júnior já tinha feito uma viagem para o Rio ontem quando telefonou para a namorada, dizendo que teria de fazer mais uma. Segundo parentes, ela só ficou sabendo da morte do namorado no fim da tarde, após receber um telefonema de uma amiga. "Acabou tudo de repente", lamentou a mãe do rapaz.     Piloto   O corpo do piloto Paulo Roberto Montezuma Firmino chegou ao cemitério Parque das Flores, em São José dos Campos, às 15h40 desta segunda-feira. Acompanhado da mulher Gisele, de parentes e amigos, o caixão lacrado foi levado para a capela do cemitério ao lado do crematório. A família teve que pedir autorização à Justiça para poder cremar o corpo, mas até o início da noite a autorização ainda não havia sido dada.   A família se manteve em silêncio e impediu o acesso da imprensa ao velório. Alguns primos se posicionaram na porta da capela mantendo os jornalistas a dez metros de distância. "Por favor, respeitem esse momento, ninguém quer falar nada", diziam. Um equipe médica acompanhou os pais do piloto, que chegaram de Brasília, por volta das 16 horas. O pai, Lúcio Montezuma Firmino, chorou sobre o caixão e foi abraçado pela nora e pela neta.   Tuco, como era chamado pelos amigos, era pai de casal de 12 e 7 anos. Piloto há quase 20 anos, tinha cerca de 10 mil horas de vôo. "Ele amava a profissão, é só isso que tenho a dizer", comentou o sogro de Paulo Roberto, o piloto Eduardo Claro, que informou ainda que a família vai acompanhar as investigações. "Ele era um piloto muito conceituado na empresa onde trabalhava", disse Claro. Na família de Paulo, há outros três pilotos.   No prédio onde o piloto morava com a mulher e dois filhos em São José dos Campos, os vizinhos, ainda chocados, evitaram falar com a imprensa. "Só posso dizer que ele era amável, tinha alegria de viver e era muito simpático", disse Fátima, que preferiu não dar o sobrenome. "Era muito amiga da família, estamos chocados", afirmou a vizinha Patrícia. Amigos que chegavam para saber mais notícias também preferiram o silêncio.   Em março do ano que vem Paulo se formaria na faculdade de tecnologia em gestão de marketing, pela faculdade virtual Unopar, de Jacareí. O curso, com duração de dois anos e meio, terminaria em dezembro. Todas as terças-feiras Paulo assistia às aulas nesta faculdade, em uma turma de cerca de 50 alunos. "Ele gostava muito de estudar e era uma pessoa que contagiava a sala. Vai fazer muita falta", disse a funcionária da faculdade, Heloisa Silva.   O piloto também mantinha um local para festas em São José dos Campos junto com a mulher. No buffet Lua de Cristal os funcionários também foram orientados a não dar nenhuma informação.   Matéria ampliada às 20h13

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