Quize réus enfrentam a partir desta terça-feira um julgamento por responsabilidade no incêndio da discoteca República Cromagnon, na capital argentina, Buenos Aires, em 30 de dezembro de 2004, que matou 194 pessoas - a maioria, jovens. O sinistro, ocorrido durante um show de rock, deixou ainda centenas de feridos e é considerado uma das piores tragédias ocorridas na cidade. Sob forte esquema de segurança, atrás de vidro que os protege da revolta das famílias das vítimas, devem ser julgados o ex-gerente da discoteca, Omar Chabán, seu assistente, Raúl Villareal, os oito integrantes da banda Callejeros, que se apresentava naquela noite, dois ex-chefes de polícia e três ex-funcionários de fiscalização da prefeitura de Buenos Aires. Chabán, Villarreal e Callejeros devem responder à acusação de ter pago suborno e dano doloso seguido de morte, que tem pena máxima de 20 anos de prisão. Os ex-policiais estão sendo julgados por ter recebido suborno, além de dano doloso seguido de morte. Os ex-funcionários públicos são acusados de negligência. Todos negam as acusações. Testemunhas Cerca de 350 testemunhas devem prestar depoimento, entre sobreviventes, integrantes de bandas de rock, funcionários públicos, peritos, policiais e jornalistas. Estima-se que o processo dure sete meses. Dezenas de familiares de vítimas se concentraram diante do tribunal nesta terça-feira, após terem se queixado, durante anos, da falta de esclarecimentos sobre as circunstâncias do incêndio. Fãs da banda Callejeros também compareceram para manifestar crença na inocência dos músicos. Superlotação A discoteca tinha capacidade para mil pessoas, mas havia 3 mil por ocasião do concerto. O incêndio começou quando um bastão de fogos de artifício foi lançado por um espectador, atingindo o teto, de material inflamável. A saída de emergência da discoteca, no bairro de Once, estava fechada, dificultando a fuga dos jovens do interior do prédio. Na época surgiram evidências de irregularidades em alvarás de funcionamento para casas noturnas, e a indignação pública levou à destituição do prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra. Ibarra era aliado do então presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A banda Callejeros foi acusada de incentivar o uso de fogos de artifício em seus shows. A banda nega essa prática. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.