Cerca de 600 pessoas participaram ontem de um ato público pela paz no Complexo da Maré (na zona norte do Rio), segundo manifestantes. Há quatro meses, a disputa pelos pontos de vendas de drogas mergulhou o conjunto de favelas em uma rotina de tiroteios diários. "Estamos à mercê dos confrontos entre os traficantes e os policiais e criminosos. Queremos uma política de segurança inteligente na qual o Estado ocupe todos os espaços", afirmou a socióloga Mariele Franco, uma das organizadoras da passeata.Na semana passada, uma família foi feita refém por traficantes da Vila do João, que tentaram retomar as bocas de fumo da Favela Vila dos Pinheiros. Os criminosos se renderam apenas após a chegada do Batalhão de Operações Especiais (Bope). "O direito de ir e vir está comprometido. Não há toque de recolher, mas à noite muitos trabalhadores ficam esperando o tiroteio acabar para voltar aos seus lares", reclamou Mariele. Apesar da fronteira imaginária, que faz com que os moradores evitem circular por favelas dominadas por quadrilhas diferentes, os manifestantes percorreram ontem em passeata as ruas de cinco das 16 comunidades do Complexo da Maré. O trajeto incluiu Vila dos Pinheiros, Vila do João, Conjunto Esperança, Conjunto Pinheiros e Salsa e Merengue. Durante a manifestação, não houve confrontos ou represálias do tráfico de drogas.
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