Uma parlamentar alega ter sido ofendida durante os protestos na votação do parlamento. Aparentemente "vai para Cuba" e "vagabunda" são ruídos bem distintos. Ir para Cuba sugere passeio na ilha, temporada em plutocracia monopartidária, veraneio perto de Miami, ou retiro espiritual sob regime opressor. Não se pode caracteriza-los como cacófatos oficiais, como "vou-me já", outras uniões silábicas e infinidades de neologismos aleatórios. Pois Renan, amigos e camaradas não levaram na esportiva e anteontem à noite, usaram a escusa da gravíssima ofensa para emudecer quem estava lá para discordar.
"Esvaziem-se as galerias"
Foi quando enforcaram a senhora de 75 anos e ameaçaram outros tantos com descargas elétricas. Ações enaltecidas por aliados da repressão nas sessões de ontem, quando, mais um aumentativo depreciativo entrou para os anais do País. O fiscalão é mais um episódio do abuso de poder contra o povo, sob os auspícios da traição remunerada de representantes do legislativo. Tudo isso para que? A especialidade desta administração: melar as regras do jogo para anistiar o mal feito.
Mas o que significa exatamente vagabunda? Mulher sem caráter? De vida impura, dissoluta? Mundana desempregada? Ou só indolência discriminada? Não será vagabunda uma ingênua corruptela para "vaga abundância", como aquela que permitiu que nobres parlamentares concedessem aval para calote fiscal? Nesse caso, não seria o caso de já emendar uma anistia ampla, geral e irrestrita para as dividas dos nacionais? Ou a isonomia vai permanecer figura de linguagem, golpe eleitoral que todos nós já conhecemos?
"Vai para Cuba" ou "vagabunda", tanto faz, era só a sonoridade da discordância com a manipulação, o rugido que a impotente oposição abafa com inércia sob a imposição de um mandato que governa sem legitimidade.
Enquanto isso, nós, inertes, vagamos em escassez.
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